O ministro da Defesa de Itália, Guido Crosetto, fez uma dura crítica a Israel, dizendo que o país tinha pedido “a razão e a humanidade” nas suas acções na Faixa de Gaza, o que deveria levar o seu país a considerar modos de “obrigar [o primeiro-ministro de Israel Benjamin] Netanyahu a pensar com clareza”, sugerindo a possibilidade de apoiar sanções, numa entrevista ao jornal La Stampa.
“O que está a acontecer é inaceitável”, disse Crosetto. “Não estamos a ver uma operação militar com danos colaterais, mas sim a pura negação da lei e dos valores fundadores da nossa civilização.”
“Estamos empenhados na ajuda humanitária, mas temos de encontrar um modo para obrigar Netanyahu a pensar com clareza, além da condenação”, declarou ainda. Ao ser questionado sobre a possibilidade de o país apoiar sanções internacionais contra Israel, o ministro respondeu que “a ocupação de Gaza e algumas acções graves na Cisjordânia marcam um salto qualitativo, face a que decisões tenham de ser tomadas que obriguem Netanyahu a pensar.”
Essa acção, continuou, “não seria uma acção contra Israel, mas um modo de salvar pessoas de um Governo que perdeu a razão e a humanidade”, declarou. Recentemente, 31 figuras israelitas fizeram um apelo a sanções internacionais contra o seu próprio país pela gravidade da situação, incluindo a fome na Faixa de Gaza, o que é praticamente um tabu no Estado hebraico.
Em relação a um potencial reconhecimento de um Estado palestiniano, Crosetto manteve a linha defendida pela chefe do Governo, Giorgia Meloni, dizendo que esse Estado “não existe, e reconhecer um Estado que não existe traz o risco de ser apenas uma provocação política num mundo a morrer de provocações”.
Na semana passada, o Presidente italiano, Sergio Mattarella, afirmou que a situação em Gaza era “intolerável”.
As declarações de Crosetto acontecem quando Israel está a ser alvo de pressão internacional para não levar em frente um plano de ocupação da Cidade de Gaza e, potencialmente, do resto do território que ainda não controla, e quando cada vez mais países se preparam para reconhecer o Estado palestiniano numa sessão da ONU em Setembro – a Austrália fez esta segunda-feira o seu anúncio e especula-se que se poderiam seguir a Nova Zelândia e até o Japão.