Em comunicado, o Governo alemão indicou que as negociações se concentrarão na “situação atual na Ucrânia, tendo em vista a reunião planeada” entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, na sexta-feira no Alasca, para a qual o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, não foi convidado.
Estas “discussões”, organizadas por iniciativa de Berlim “em vários grupos temáticos”, vão focar-se nos “preparativos para possíveis negociações de paz”, em questões “relacionadas com reivindicações territoriais e garantias de segurança”, bem como em possíveis “ações adicionais” para “exercer pressão sobre a Rússia”, disse o porta-voz do chanceler alemão, Stefan Kornelius, em comunicado.
Participarão nesta reunião os chefes de Estado e de Governo da Alemanha, Finlândia, França, Reino Unido, Itália, Polónia e Ucrânia, o presidente da Comissão Europeia, o presidente do Conselho Europeu, o secretário-geral da NATO, bem como o presidente dos EUA e o seu vice-presidente.
Do lado norte-americano, além de Trump, é igualmente esperada a participação do vice-presidente, JD Vance.
De acordo com o jornal alemão Bild, esta iniciativa diplomática alemã decorrerá em duas fases, com uma primeira videoconferência entre os líderes dos Estados europeus e da União Europeia, o presidente ucraniano e o secretário-geral da NATO.
Estes líderes comunicarão então, numa segunda videoconferência, segundo o Bild, o resultado das suas consultas a Donald Trump e JD Vance, com o objetivo de forjar uma posição comum antes do encontro previsto no Alasca, estado norte-americano vendido pela Rússia no século XIX. O objetivo é influenciar o encontro entre Trump e Putin, uma vez que os europeus temem um acordo sem a Ucrânia e a UE.
Para a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, qualquer acordo entre os Estados Unidos e a Rússia “deve incluir a Ucrânia e a UE”, pois trata-se de “uma questão de segurança para a Ucrânia e para toda a Europa”.
Trump “chateado” com Kiev
Durante a cimeira no Alasca, deverá ser discutido um possível acordo que prevê “trocas de territórios”, segundo Donald Trump, para pôr fim ao conflito desencadeado pela invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
Zelensky voltou a recusar ceder território, pedindo que não se ceda às exigências de Vladimir Putin.
“A Rússia recusa-se a interromper os massacres e, por isso, não deve receber qualquer recompensa ou benefício. E esta não é apenas uma posição moral, é racional”, escreveu o presidente ucraniano no Facebook.
Trump manifestou estar “chateado” com esta recusa da parte de Zelensky. “Quer dizer, ele deu permissão para entrar em guerra e matar toda a gente. Mas precisa de permissão para fazer uma troca territorial?”, questionou.
Trump quer encontro entre Putin e Zelensky
Donald Trump disse esta segunda-feira que espera uma reunião construtiva com Vladimir Putin durante a cimeira no Alasca e afirmou que vai pedir-lhe diretamente para acabar com a guerra.
“Vou falar com Vladimir Putin e dizer-lhe: ‘Precisas de acabar com esta guerra'”, disse Donald Trump numa conferência de imprensa na Casa Branca, acrescentando que “gostaria de ver um cessar-fogo muito, muito rápido”.
Trump disse ainda que iria ligar a Zelensky e a outros líderes europeus após a reunião no Alasca e revelou que deseja organizar um encontro entre os homólogos russo e ucraniano.
“O próximo encontro será com Zelensky e Putin ou Zelensky, Putin e eu. Estarei lá se precisarem de mim”, disse.
c/agências