A Direcção-Geral da Administração Escolar (DGAE) lançou esta semana nas redes sociais e no site uma nova campanha para atrair profissionais habilitados para dar aulas e reduzir o número de alunos sem docentes, que tem sido um problema nos últimos anos lectivos.​

A iniciativa, intitulada “Ser professor… uma profissão com futuro”, assenta na ideia de que a docência é uma carreira “que transforma vidas” e que dá “condições de trabalho motivadoras e estabilidade profissional”. No material promocional, a DGAE divulga os factores que considera serem atractivos para que profissionais com habilitação profissional para a docência concorram para dar aulas e ajudem, assim, a diminuir o número de alunos sem professores.

A DGAE destaca o valor da remuneração: segundo as tabelas salariais de 2025, os professores em início de carreira recebem 1714,11 euros mensais (valor antes de impostos) e subsídio de alimentação. O valor não inclui deduções fiscais, nem contribuições para a Segurança Social.

A campanha sublinha vantagens como a possibilidade de vinculação a um agrupamento de escolas ou a uma escola não agrupada. E lembra que o serviço extraordinário é remunerado por lei a 25% para a primeira hora semanal de trabalho diurno e 50% para as horas seguintes. Pode ainda ser atribuído apoio extraordinário e temporário à deslocação, de até 450 euros, para docentes que se encontrem distantes do domicílio fiscal. As candidaturas são feitas através da plataforma SIGRHE.

Esta não é a primeira vez que o Governo recorre a uma campanha deste tipo para tentar atrair novos docentes para a carreira. No ano passado, foi lançada uma iniciativa semelhante que também identificava alguns benefícios, nomeadamente a compensação financeira extra para que professores aposentados voltassem às salas de aula, uma medida que acabou por ficar aquém do desejado pela tutela.

Contudo, nas redes sociais da DGAE, não falta quem considere a campanha um desrespeito para com todos os docentes. A Missão Escola Pública — um movimento dedicado à melhoria da escola pública — endereçou esta terça-feira, 12 de Agosto, uma carta ao ministro da Educação em que apela ao cancelamento da campanha por a considerar “enganosa” e “desrespeitosa” para com os docentes que aguardam anos até conseguirem estabelecer-se na sua área de residência. Queixam-se também de que não são renumerados de forma justa, tendo em conta as suas qualificações.


O mais recente estudo da Universidade Nova sobre as necessidades de recrutamento, já entregue ao ministro Fernando Alexandre, traça um cenário preocupante: serão necessários 20 mil professores até 2029/2030. Um total de 39 mil é a estimativa de necessidades cumulativas, se considerarmos o período que vai até 2034/2035.

Só no próximo ano lectivo, que arranca em Setembro, as escolas precisarão de recrutar 4691 docentes. No ano seguinte, cerca de 3300. Educação pré-escolar, Português de todos os ciclos de ensino, professores do 1.º ciclo são alguns dos grupos mais deficitários, segundo disse recentemente o ministro, admitindo que “todos os grupos vão ser atingidos” por uma grande leva de aposentações.

Texto editado por Gina Pereira