Desde que, a 22 de Julho, anunciou que iria “ponderar” uma possível candidatura presidencial, Rui Moreira tem sentido crescente pressão para entrar na corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa. Segundo o Observador, o ainda presidente da Câmara do Porto, que termina este ano o seu último mandato, tem recebido sinais claros de apoio de quem, ao longo das três campanhas autárquicas, o sustentou financeiramente. Essa rede poderá ser decisiva, até porque, como admite um dos seus próximos ao Observador, “ninguém quer ficar com dívidas milionárias para pagar”.

Porém, como o próprio já tinha afirmado, a decisão só deverá ser conhecida em Setembro após de avaliar as suas hipóteses de vitória nos estudos de opinião que estão a ser preparados. “Naturalmente, não será indiferente para Moreira abraçar este desafio com sondagens minimais ou com perspectivas mais animadoras”, resume um dos conselheiros citado pelo mesmo jornal.

Em Abril, Rui Moreira, numa entrevista à Antena 1, dizia não se ver “talhado” para o cargo: “Acho que o cargo de Presidente da República já tem bastantes candidatos, incluindo pessoas com grande dimensão.” No entanto, a quebra recente de Henrique Gouveia e Melo nas sondagens e a fragmentação da direita reabriram o cenário.


Além disso, o envolvimento do ex-líder do PSD, Rui Rio, na campanha do almirante é visto como “activo tóxico” para Gouveia e Melo e como mais um motivo para Moreira marcar distância: “Onde um estiver envolvido, o outro será oposição.”

Agora, a questão central é a possibilidade de passagem à segunda volta. Mesmo admitindo que Henrique Gouveia e Melo possa liderar a primeira, a incógnita está em saber quem terá capacidade para o enfrentar no segundo turno. A dispersão de candidaturas adensa a incerteza, mas Moreira conta com um trunfo: a popularidade no Norte.

O seu núcleo de apoiantes acredita na “transversalidade eleitoral” do autarca. Posicionado no centro-direita, é visto como capaz de captar eleitores liberais, conservadores e até uma franja da esquerda, devido ao papel que teve na dinamização cultural da cidade.

Porém, potenciais adversários desvalorizam a hipótese de candidatura, classificando-a como um bluff. Na perspectiva de Moreira, ainda é possível disputar votos ao almirante, conquistar sectores do PSD e CDS pouco alinhados com Marques Mendes, segurar parte do eleitorado do Chega e disputar terreno com João Cotrim de Figueiredo, que já se assumiu disponível para entrar na corrida.