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Três meses volvidos desde a entrada em cena das tarifas de Donald Trump, as ameaças ao comércio internacional – incluindo Portugal – mantêm-se e as empresas dão sinais de estar a conseguir adaptar-se, não se registando grandes quebras no sentimento económico nacional, revelou esta quarta-feira o inquérito de confiança do Instituto Nacional de Estatística (INE), a quase cinco mil empresários e gestores.

Segundo indicou o ‘Diário de Notícias’, a indústria transformadora, o setor mais na linha da frente da atual guerra comercial pode vir a reforçar quadros de pessoal nos próximos meses, até outubro, embora admitindo que isso terá de ser acompanhado numa grande subida dos preços de venda. O mesmo no setor dos serviços, cujos empresários preveem uma travagem ou moderação no número de empregados até outubro.

Segundo o estudo do INE, a quase 1.500 empresários e gestores da indústria transformadora, a esmagadora maioria antecipou um forte agravamento dos preços de venda nos próximos três meses. “O saldo de respostas das expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda” aumentou em julho “no setor da Construção e Obras Públicas e, expressivamente, no setor da Indústria Transformadora”, indicou o INE, à semelhança do que aconteceu quando Donald Trump anunciou tarifas.

De acordo com os responsáveis, embora predomine a incerteza, os seus indicadores de procura global (carteiras de encomendas interna e estrangeira) estão a melhorar ligeiramente, depois do choque vivido no início deste ano. Assim, as perspetivas de produção para os próximos três meses são mais positivas agora, e bem mais do que eram no ano passado.

No setor de construção e obras públicas, os 660 empresários ouvidos indicaram que o emprego estará estável nos próximos três meses, embora a tendência de preços esteja a subir ligeiramente. Nos Serviços, o indicador apontou que a tendência da evolução do pessoal ao serviços nos próximos três meses (até outubro) estará no nível mais baixo em mais de um ano e meio (desde o final de 2023), alertando ainda para um agravamento dos preços nos próximos três meses.

Por último, o comércio, no qual foram ouvidos quase 1.300 empresários e gestores: as perspetivas de emprego para os próximos três meses saem reforçadas, para o registo mais elevado dos últimos sete anos – mas também aqui antecipam vendas a preços mais elevados.