As redes sociais estão inundadas de bots, que tornam a experiência do utilizador real um tanto aborrecida, com mensagens e interações bizarras. Contudo, por lá, ainda abundam, também, os seres humanos. Para perceber como seria se os utilizadores de uma rede social fossem todos bots, investigadores conduziram um teste curioso.

Robô a usar um smartphone

Um estudo recente conduzido por investigadores da Universidade de Amesterdão, nos Países Baixos, colocou chatbots de Inteligência Artificial (IA) numa estrutura simples de rede social, com o objetivo de perceber como interagiriam entre si.

Afinal, em redes sociais como o Facebook e o Instagram, onde os seres humanos controlam (à partida) a narrativa, é comum testemunhar-se polarização política e social.

Para o estudo, a equipa utilizou 500 chatbots de IA alimentados pelo modelo de linguagem GPT-4o mini da OpenAI e atribuiu-lhes personalidades específicas.

 

Bots replicaram comportamentos dos seres humanos online. E o resultado?

Uma vez lançados numa plataforma simples de redes sociais que não tinha anúncios nem algoritmos que oferecessem descoberta de conteúdo ou publicações recomendadas no feed do utilizador, os bots tiveram de interagir entre si e com o conteúdo disponível na plataforma.

Em cinco experiências diferentes, a envolver os chatbots em 10.000 ações, estes tenderam a seguir outros utilizadores que partilhavam as suas próprias convicções políticas.

Além disso, a equipa de investigadores concluiu que os utilizadores que publicavam o conteúdo mais partidário tendiam a obter mais seguidores e republicações.

Boneco 3D a sair de um smartphone

Curiosamente, os chatbots tinham como objetivo replicar a forma como os seres humanos interagem, tendo sido treinados com base na própria interação humana, há décadas definida pela forma como nos comportamos online.

Por isso, apesar de nenhuma interação ser verdadeiramente independente da influência do algoritmo, as conclusões podem ser motivo de reflexão, considerando que a tecnologia imitou versões humanas.

No sentido de combater a polarização, os investigadores tentaram várias soluções, incluindo oferecer um feed cronológico, desvalorizar o conteúdo viral, ocultar os números de seguidores e republicações, ocultar perfis de utilizadores, e amplificar opiniões opostas.

No entanto, nenhuma das estratégias fez realmente diferença, não conseguindo criar mais do que uma mudança de 6% no engagement das contas partidárias.

Na simulação que ocultou as biografias dos utilizadores, por exemplo, a divisão partidária piorou e as publicações extremas receberam ainda mais atenção.

Será o funcionamento das redes sociais realmente insustentável para os seres humanos, estimulando perspetivas e comportamentos polarizados?