O PSG vingou esta quarta-feira, no regresso de férias, a final perdida do Mundial de Clubes para vencer, pela primeira vez, a Supertaça Europeia, impondo-se nos penáltis (4-3), depois de uma igualdade (2-2), a um Tottenham que teve o troféu na mão, mas não resistiu ao despertar tardio dos príncipes parisienses, com um golo de Gonçalo Ramos a ser decisivo.

Pela quarta vez nas últimas sete edições, a decisão surgiu no desempate por penáltis, fórmula que o PSG encontrou para salvar uma noite em que andou distante do brilho de uma das melhores equipas do mundo.

O PSG sucede, assim, ao Real Madrid (recordista, com seis troféus), evitando que o Tottenham se juntasse a Liverpool (1977, 2001, 2005, 2019), Nottingham Forest (1979), Aston Villa (1982), Manchester United (1991), Chelsea (1998, 2021) e Manchester City (2023) como sétimo clube inglês a vencer a competição, dando o primeiro título aos franceses.

A final de Udine, onde a atmosfera foi um pouco mais densa junto ao banco de Luis Enrique, na sequência da exclusão do internacional italiano Gianluigi Donnarumma da baliza parisiense, promovia o confronto de dois estilos diferentes numa fase da época igualmente distinta.

Pressão intensa do Tottenham

A estreia do treinador dinamarquês Thomas Frank, que acentuou o pragmatismo de uma equipa que salvara a época de 2024/25 com a conquista da Liga Europa numa final cínica com o Manchester United, não podia ter sido melhor.

Frank usou a base de jogadores da “casa”, acrescentando a solidez de João Palhinha e a energia e coragem de Kudus, num ataque a dois, com Richarlison, com ligação directa em que os três homens do meio-campo se tornavam quase irrelevantes face à tendência de explorar a velocidade de Porro na direita e de Spence na esquerda para as transições.

O contraste com o futebol mais apoiado e elaborado dos franceses era flagrante, embora o PSG, com seis dias de pré-época (sem qualquer jogo disputado desde a final do Mundial de Clubes, com o Chelsea), tivesse sentido enormes dificuldades para definir uma linha clara de raciocínio face à pressão intensa dos ingleses.

Os campeões europeus precisaram, mesmo, de quatro minutos para pegar no jogo, depois de Hakimi, um dos nove nomeados do emblema parisiense para a Bola de Ouro, ter exposto a equipa a um primeiro remate de Pedro Porro, ainda antes de o ponteiro dos minutos ter completado a primeira volta.

O marroquino, que criou algum mal-estar na equipa na sequência de uma entrevista em que afirmou merecer o prémio de melhor jogador, voltou a provocar desconforto, ajudando o Tottenham a marcar uma posição forte logo de entrada.

Sensação que só Kvicha Kvaratskhelia, outro candidato à Bola de Ouro, aliviou, antes dos 10 minutos, com um remate na área dos londrinos a ameaçar colocar o PSG na frente e, não menos importante, a inverter a tendência da final.

Apesar da resposta dos franceses, que passaram a controlar melhor o ritmo e a bola, faltavam mais acelerações como as de Barcola, na esquerda, para encontrar os espaços necessários para chegar com perigo à baliza do Tottenham.

Chevalier adia golo

De certa forma confortáveis com a forma como o jogo decorria, os “spurs” começaram a construir o momento que os conduziria ao golo inaugural, começando por obrigar o substituto de Donnarumma, Lucas Chevalier, a brilhar na estreia oficial pelos campeões franceses.

O guarda-redes contratado ao Lille, potencial dono da baliza da selecção francesa, ainda evitou o golo de Richarlison (23’). Mas num lance de bola parada, cobrado a meio campo pelo guardião italiano Guglielmo Vicario, a bola acabou no fundo da baliza da equipa de Luis Enrique, com Van de Ven a ganhar no ar, Palhinha a rematar à barra e o central neerlandês a marcar. O Tottenham estava na frente a seis minutos do intervalo.

Nesse período, o PSG acusou o golpe e fez lembrar a equipa sem norte que fracassou na final do Mundial de Clubes, frente aos vizinhos do Tottenham.

O descanso acabou por soar a gongo, com o PSG a sobreviver a novo ataque dos ingleses que acabou com um remate ao poste, embora o lance acabasse por ser invalidado, pelo que serviria apenas como reflexo de uma equipa que, mesmo jogando de olhos fechados, sentia o ar e as pernas cada vez mais pesadas.

Só que os problemas de Luis Enrique regressariam com o reatamento do encontro e com o golo na sequência de um livre, de outro central, com Cristián Romero a sair no limite e a cabecear para uma estirada curta de Chevalier.

O pesadelo de New Jersey e do MetLife Stadium voltava, com o PSG sem soluções para responder e salvar a primeira Supertaça de um clube francês, depois de já em 1996 ter perdido em duas mãos (2-9) para a Juventus.

O PSG precisava de assumir o risco total e partir em busca do golo que mudasse a história da final. Golo que Barcola conseguiu (66′), mas que o árbitro português João Pinheiro invalidou por posição irregular de Fabián Ruiz.

O golo chegaria já perto do final, num remate de Lee Kang-in (85′), que deu novo alento ao PSG. Daí ao golo do empate foi apenas um cabeceamento de outro suplente, com Gonçalo Ramos a evitar a sentença, após assistência de Dembélé, e a levar a decisão para os penáltis, onde Vitinha foi o primeiro a falhar. O Tottenham não aproveitou a oferta, Chevalier ainda puxou dos galões e Nuno Mendes selou a conquista, com o pontapé que fixou o 4-3 final.