A biofábrica Wolbito do Brasil terá capacidade para produzir 100 milhões de ovos de mosquitos por semana. Foto: Divulgação. Flávia Rosso Flávia Rosso 26/07/2025 15:36 5 min

As arboviroses são um grupo de doenças virais que são transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos. No Brasil, as arboviroses mais comuns são dengue, Zika, chikungunya e febre amarela, sendo o mosquito Aedes aegypti o principal vetor delas (exceto a febre amarela, que também pode ser transmitida por mosquitos silvestres).

Em 2025, até a segunda quinzena de julho deste ano, o Brasil contabilizou mais de 1,5 milhão de casos de dengue e 1.481 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde.

E agora, o combate a estas arboviroses ganha um novo marco com a inauguração da maior biofábrica do mundo especializada na criação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. Ela se chama Wolbito do Brasil e foi inaugurada oficialmente no dia 19 de julho na Cidade Industrial de Curitiba. Veja mais detalhes abaixo.

Como é o Método Wolbachia

A biofábrica é resultado de um empreendimento conjunto entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP), uma organização mundial sem fins lucrativos. A implantação do Método Wolbachia resulta do esforço do Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o WMP.

O Método Wolbachia trata da criação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, uma bactéria presente naturalmente em cerca de 50% dos insetos e que impede o desenvolvimento dos vírus das arboviroses no organismo deles; ela não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti, por isso é implementada neles.

aedes aegyptiO mosquito Aedes aegypti se alimenta de sangue humano, e se infectado com o vírus, pode neste processo nos transmitir doenças como dengue, Zika, chikungunya e febre amarela. Crédito: Stephen Ausmus (CC BY 2.0).

Assim, quando presente no organismo do Aedes aegypti, a bactéria bloqueia a multiplicação dos vírus e reduz a chance deles serem transmitidos aos humanos.

Para isso, os mosquitos fabricados cruzam com a população local de Aedes e passam a bactéria Wolbachia para as próximas gerações. Com o tempo, a maioria dos mosquitos daquela região passa a nascer já com a Wolbachia no organismo.

Mas um detalhe: este método não é novidade no Brasil. Aqui, ele é testado desde 2014. Até o momento, estima-se que tenha beneficiado cerca de 5 milhões de brasileiros.

Não se trata de um mosquito transgênico, uma vez que o DNA do inseto não é alterado geneticamente. E é importante destacar que essa tecnologia é segura, não faz mal aos seres humanos, não usa produtos químicos e sua eficácia já foi comprovada em 14 países.

Segundo a Fiocruz, a biofábrica tem tecnologia de ponta para produzir até 100 milhões de ovos de mosquito modificado por semana. O Ministério da Saúde definirá de forma criteriosa os municípios que receberão esses mosquitos, com base nos mapas de incidência das arboviroses.

 Conheça o método Wolbachia e outras abordagens para deter o mosquito da Dengue

“ (…) Nosso objetivo é reduzir significativamente os números de casos de arboviroses no país. Em dez anos teremos beneficiado mais da metade da população brasileira”, comentou em entrevista à Fiocruz o diretor-presidente da Wolbito do Brasil, Luciano Moreira, responsável por trazer o método para o Brasil.

Referências da notícia

Brasil inaugura a maior biofábrica do mundo de mosquitos para o combate à dengue e outras doenças. 19 de julho, 2025. Redação Jornal Nacional.

Brasil inaugura a maior biofábrica do mundo de mosquitos Wolbitos para o combate à dengue e a outras arboviroses. 21 de julho, 2025. Agência Fiocruz de Notícias e Básica Comunicações.

Brasil vai “fabricar mosquitos” para combater a dengue; entenda. 22 de julho, 2025. Marina Semensato.