Escrito en SAÚDE el 14/8/2025 · 23:00 hs

Um estudo conduzido na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, sugere que a maneira como o estômago e o cérebro se comunicam pode influenciar o bem-estar emocional. A pesquisa acompanhou mais de 240 pessoas e concluiu que indivíduos com maior alinhamento entre as ondas elétricas do estômago e a atividade cerebral relataram índices mais altos de ansiedade, depressão e estresse.

Os testes combinaram ressonância magnética funcional e eletrogastrografia para medir a sincronia entre os dois órgãos. O estômago, que possui um sistema nervoso próprio — o entérico —, mantém um padrão de contrações rítmicas mesmo sem digestão em andamento. Quando essa comunicação com o cérebro é intensa demais, os pesquisadores observaram maior sofrimento psicológico.

Para Leah Banellis, que liderou o estudo, compreender essa interação pode abrir espaço para diagnósticos mais precisos e estratégias de tratamento adaptadas ao perfil fisiológico de cada paciente. O professor Micah Allen, coautor, também lembra que medicamentos e hábitos alimentares afetam os ritmos gástricos, o que pode ser aproveitado em terapias futuras.

Próximos passos

Apesar da associação encontrada, os cientistas alertam que os dados não demonstram relação de causa e efeito. O próximo passo será investigar, em grupos clínicos, se a medição dessa sincronia pode prever crises ou indicar a eficácia de tratamentos.

Os resultados, publicados na Nature Mental Health, reforçam a ideia de que os ritmos internos do corpo desempenham papel relevante na saúde mental. Segundo os autores, integrar a análise do sistema digestivo às abordagens psiquiátricas pode mudar a forma como se compreende e se trata o sofrimento emocional.

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