Objeto batizado de Amonite foi identificado além de Netuno e pode mudar o que sabemos sobre a formação do sistema solar
Internacional|Do R7
RESUMO DA NOTÍCIA
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Netuno em fotografia divulgada em maio de 2020 Divulgação/Daniel Olah/Unsplash
Apelidado de Amonite, um novo corpo celeste, descoberto além de Netuno e Plutão por pesquisadores chineses, está desafiando a hipótese de que possa existir um nono planeta no sistema solar.
Amonite é classificado como um sednoide, uma categoria rara de objetos transnetunianos localizados no sistema solar externo, além de Netuno, o planeta mais distante reconhecido pelos cientistas.
Até agora, apenas três outros sednoides eram conhecidos: Sedna, Biden e Leleākūhonua. A descoberta de Amonite foi anunciada pelos pesquisadores no último dia 14 em um estudo publicado na revista científica Nature Astronomy.
Com um diâmetro estimado entre 220 e 380 km — bem menor que os 2.377 km de Plutão ou os 12.756 km da Terra —, Amonite não é considerado um planeta nem um planeta anão, como Plutão ou Ceres.
Sua órbita, porém, é o que chama atenção: altamente elíptica, ela varia de 66 a 432 unidades astronômicas (UA), sendo que 1 UA equivale à distância média entre a Terra e o Sol (cerca de 150 milhões de km). Para comparação, Netuno está a 30 UA e Plutão, a cerca de 40 UA.
“A Amonite foi encontrada em uma região distante, onde a gravidade de Netuno tem pouca influência”, disse Fumi Yoshida, do Instituto de Tecnologia de Chiba, à revista Forbes. Ele lidera o projeto FOSSIL, que fez a descoberta. “Isso implica que algo extraordinário ocorreu durante a era antiga, quando a Amonite se formou”.
Por que Amonite é um “fóssil” do sistema solar?
Com cerca de 4,5 bilhões de anos, Amonite é quase tão antigo quanto o próprio sistema solar. Ele foi observado pela primeira vez em março de 2023, por meio do Telescópio Subaru, no Havaí.
Simulações realizadas no supercomputador do Centro de Astrofísica Computacional (CfCA) do Observatório Nacional Astronômico do Japão (NAOJ) mostram que a órbita do corpo celeste permaneceu estável por bilhões de anos.
Há cerca de 4,2 bilhões de anos, as órbitas de todos os sednoides eram muito semelhantes, o que faz de Amonite um “fóssil” do sistema solar primitivo, segundo os pesquisadores. Isso significa que ele carrega pistas valiosas sobre como o sistema solar se formou.
“A órbita da Amonite nos diz que algo esculpiu o sistema solar externo muito cedo. Seja uma estrela passageira ou um planeta oculto, esta descoberta nos aproxima da verdade”, disse Shiang-Yu Wang, pesquisador do Instituto de Astronomia e Astrofísica de Taiwan (ASIAA), à Forbes.
Amonite e a hipótese do Planeta Nove
A descoberta de Amonite é especialmente significativa por desafiar a hipótese do Planeta Nove, uma teoria proposta em 2016 que sugere a existência de um planeta do tamanho de Netuno ou maior, orbitando o Sol a uma distância de 20 a 30 vezes maior que a de Netuno.
Essa ideia surgiu para explicar o agrupamento incomum das órbitas de seis objetos transnetunianos, incluindo os sednoides, que pareciam ser influenciados pela gravidade de um corpo massivo invisível.
No entanto, a órbita de Amonite é diferente: ela está orientada na direção oposta à dos outros três sednoides conhecidos, quebrando o padrão de agrupamento que sustentava a teoria.
“O fato de a órbita de Amonite não se alinhar com a dos outros três sednoides reduz a probabilidade da hipótese do Planeta Nove”, afirmou Yukun Huang, do CfCA do NAOJ, à Forbes.
Huang realizou simulações que mostram que as órbitas incomuns podem ter sido causadas por um planeta que foi ejetado do sistema solar no passado ou até pela passagem de uma estrela próxima há bilhões de anos.
“A hipótese do Planeta Nove se baseia no fato de que os sednoides conhecidos têm órbitas agrupadas de um mesmo lado do sistema solar. Como Amonite rompe esse padrão, ele enfraquece a base estatística da teoria”, acrescentou o astrônomo Shiang-Yu Wang ao site de notícias Live Science.
O Planeta Nove está descartado?
Nem todos os cientistas acreditam que a descoberta de Amonite elimina a possibilidade do Planeta Nove. Alguns sugerem que, se ele existe, pode estar ainda mais distante e ser mais difícil de detectar.
“Amonite não se alinha com os seis outros objetos usados para sustentar a hipótese do Planeta Nove. Isso enfraquece o argumento ou significa que, se ele existe, está ainda mais distante”, disse Christopher Impey, da Universidade do Arizona, nos EUA, ao Live Science.
Uma esperança para os defensores do Planeta Nove está no Observatório Vera C. Rubin, no Chile, que começou a operar recentemente. “Se o Planeta Nove existe, certamente será encontrado nos dados desse novo levantamento”, afirmou Impey.
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