O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, ameaçou este sábado bloquear o novo orçamento plurianual da União Europeia, caso Bruxelas não desbloqueie todos os fundos comunitários suspensos.

O líder ultraconservador tem estado em confronto com a UE há vários anos em questões como as migrações, direitos LGBTQ+ e o que os críticos consideram ser uma erosão da democracia na Hungria. O país continua sem acesso a cerca de 18 mil milhões de euros de financiamento comunitário por não cumprir as regras do Estado de direito


“A aprovação do novo orçamento de sete anos exige unanimidade e, até recebermos os fundos [bloqueados] que faltam, também não haverá novo orçamento da UE”, garantiu Orbán, num discurso numa universidade de Verão na cidade romena de Baile Tusnad.

A Comissão Europeia propôs um orçamento de dois biliões de euros para o período de 2028 a 2034, com ênfase na competitividade económica e na defesa.

Orbán criticou ainda a UE por apoiar a Ucrânia e acusou Bruxelas de planear instalar um “governo pró-Ucrânia e pró-Bruxelas” na Hungria nas eleições do próximo ano.

Acusou também os líderes europeus de estarem a arriscar uma guerra comercial com a Administração do Presidente dos EUA, Donald Trump, que a Europa “não pode ganhar”.

“A actual liderança da UE será sempre a última a assinar acordos com os Estados Unidos e sempre os piores acordos”, acrescentou Orbán, apelando a uma mudança na liderança do bloco.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vai reunir-se com Trump no domingo, na Escócia, para tentar alcançar um acordo comercial antes da entrada em vigor das tarifas de 30% prometidas pelo Presidente norte-americano para o dia 1 de Agosto.


Viktor Orbán, que venceu as últimas quatro eleições na Hungria, enfrenta agora um novo e forte rival da oposição, Péter Magyar, cujo partido de centro-direita o Tisza supera o partido governante Fidesz na maioria das sondagens, num contexto de estagnação económica.

Magyar afirmou, num comício este sábado, que a Hungria deve manter-se firmemente ancorada na UE e na NATO, e que o Tisza vai recuperar todos os fundos comunitários suspensos, caso vença as eleições de 2026.

“A Hungria é um Estado-membro da UE e as nossas relações enquanto aliados não podem basear-se num estilo político de pôr entraves”, disse Magyar. Acrescentou ainda que o Tisza não pode apoiar o orçamento da UE na sua forma actual, mas está disponível para negociações.

“Precisamos de tomar uma decisão clara e firme de que o nosso lugar tem sido e continuará a ser na Europa”, afirmou Magyar, criticando as estreitas relações de Orbán com a Rússia.