As delegações da agência Lusa, da RTP e da RDP foram expulsas da Guiné-Bissau, as suas emissões suspensas a partir de hoje e os representantes têm que deixar o país até terça-feira, por decisão do Governo guineense.
O Governo da Guiné-Bissau decidiu o encerramento das emissões da RTP África, RDP África e Agência Lusa com efeitos a partir de hoje.
Não foram avançadas razões para esta decisão.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) repudiou já a expulsão da agência Lusa, RTP e RDP da Guiné-Bissau, que classificou de “altamente censurável e injustificável”, e vai pedir explicações ao Governo guineense.
Face à “gravidade desta medida”, o ministro dos Negócios Estrangeiros “convocou imediatamente” o embaixador da Guiné-Bissau em Lisboa para dar “explicações e esclarecimentos”, encontro que está agendado para sábado, lê-se num comunicado do MNE.
No comunicado, o executivo português afirma que, “ciente da importância do trabalho destes órgãos de comunicação social para as populações de ambos os países e para a comunidade lusófona em geral, tudo fará para reverter tal decisão”. O Governo, acrescenta, está a acompanhar “a situação com as administrações da Lusa, RTP e RDP”.
As direções de informação dos órgãos de comunicação Lusa, RDP e RTP dizem que tal decisão só se pode enquadrar no continuado propósito do governo da Guiné Bissau de silenciar os jornalistas que cumprem a função de informar. “Trata-se de uma ação discriminatória e selectiva, configurando um ataque deliberado à liberdade de expressão. Consideramos que a expulsão dos nossos jornalistas é um atentado aos princípios fundamentais que norteiam a atividade jornalística.”
Em julho, o jornalista e delegado da Radiotelevisão Portuguesa (RTP) na Guiné-Bissau, Waldir Araújo, foi agredido e assaltado, no centro de Bissau, por desconhecido. Segundo o próprio, o ataque teria motivações políticas, conforme declarações proferidas pelos agressores, que terão acusado a RTP “de denegrir a imagem da Guiné-Bissau no exterior”.
Jornalista da RTP na Guiné-Bissau vítima de assalto e agressão
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, adiou entretanto a visita prevista para segunda-feira à sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Lisboa, disse à lusa fonte oficial da CPLP.
A Guiné-Bissau detém atualmente a presidência da CPLP, que assumiu na cimeira da organização em 18 de julho, na capital guineense.
Uma nota da CPLP informava que na visita — agora adiada — Sissoco tinha previsto ser recebido numa sessão solene pela secretária-executiva, embaixadora Maria de Fátima Jardim, e pelos representantes permanentes dos Estados-Membros junto da comunidade.