O escritor Jaillson Fernandes lança, neste sábado (16/8), Entre cicatrizes e borboletas, obra em que reconstrói, com lirismo e coragem, as marcas deixadas por uma infância atravessada pela pobreza extrema, violência doméstica e ausência paterna. No livro, o autor cria o alter ego Kaynã para narrar memórias que vão do sertão árido ao interior de uma alma marcada pela exclusão e pela falta de afeto.
Com uma escrita descrita como de “honestidade brutal” e, ao mesmo tempo, permeada por poesia, Jailson, que também é policial militar da PMDF expõe a brutalidade de tensões familiares. Ao mesmo tempo, conduz uma história que, para o autor, não é apenas denúncia: é também reconstrução.
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Ao Correio, Jaillson contou que o capítulo 3 do livro é um dos que mais o conecta à sua trajetória profissional. “Ele bate de frente com tantas situações que vivi em 30 anos de polícia, trabalhando nas ruas. Sempre estive com as ideias voltadas a amparar famílias, casais, crianças envolvidas em relacionamentos tóxicos e abusivos, casos de violência infantil e contra a mulher. Consigo fazer uma analogia entre os personagens do livro e as vidas que encontrei nos frangalhos, por mais de 20 anos”, afirma.
Para o autor, essa é uma história que promete ter novos capítulos
(foto: Arquivo pessoal)
O processo de escrita, no entanto, foi marcado por desafios emocionais. “Como é uma história real e eu conheço os personagens como a palma da mão, a maior dificuldade foi não sofrer as dores deles. Muitas vezes tive que parar, respirar e deixar para o dia seguinte. É uma narrativa simples, mas que emociona quem lê e quem escreve. Minha esposa chorava sempre que eu lia em voz alta”, relembra.
Para o autor, essa é uma história que promete ter novos capítulos. “Meu objetivo é eternizar essa história, deixar um legado para meus filhos, netos e para todas as mães e crianças que tiveram suas vozes silenciadas pela violência doméstica. No livro, consegui colocar cerca de 50% dessa narrativa, mas ela continua. Um dia, volto a escrever a sequência para que essa borboleta ganhe asas por completo”, conclui.
A trajetória literária de Jailson não se limita ao novo lançamento. Com 30 anos dedicados à carreira militar, ele também é autor de O imigrante (2023). O título lhe garantiu participação no 9º Prêmio de Talentos do Salão do Livro, em Genebra, na Suíça, este ano.
Não perca o lançamento!
Local: Bica’s Cafeteria — Max Mall, Rua 7 Norte, Águas Claras
Data: 16/8
Horário: 16h
Formado em Jornalismo na Universidade de Brasília (UnB). É repórter na editoria de Cidades do Correio Braziliense. Tem interesse em jornalismo de dados e temas ligados à segurança pública.