A Wood House, nas margens do rio Douro, em Baião, é “tudo menos o protagonista na paisagem” – e é assim deliberadamente, à semelhança de outros edifícios desenhados pelo gabinete de arquitectura MJARC na mesma região. “Procuramos que as nossas obras façam parte da paisagem, que se integrem”, disse ao P3 uma das fundadoras do gabinete, que nasceu em 2006 e tem sede no Porto, Maria João Andrade.

A casa modular, feita a partir de madeira escandinava proveniente de florestas certificadas, geridas de forma sustentável, tem uma cobertura ajardinada “que reforça a eficiência térmica do edifício” repleta de “espécies que se aproximam das autóctones”, o que permite que “fique praticamente dissimulada no meio da paisagem”, sublinha a arquitecta que foi distinguida, em 2021, no relevante concurso de arquitectura Europe 40 Under 40, que premeia designers e arquitectos europeus até os 40 anos. As fotografias da autoria de Pedro Garcês Marques, algumas realizadas com recurso a drone, permitem um vislumbre sobre esse efeito camaleónico a partir do ar. “A cobertura da casa estende-se na paisagem e abraça as árvores existentes”, acrescenta. “O desafio era não deitar árvores abaixo.”

Inserida num ambiente florestal, a casa, suspensa num só ponto de ancoragem no terreno – que permite a circulação livre de água e fauna – foi gizada para cumprir a função de segunda habitação, ou casa de férias; é composta por uma “cozinha multifacetada”, que acumula também a função de zona de leitura por conter uma estante biblioteca, um quarto, que inclui área de trabalho, um WC completo com vista para o rio. “Também tem um pátio interior que permite a entrada de luz”, acrescenta Maria João Andrade. “Temos ali, quase, uma ventilação natural.”

O aspecto “clean” do interior procura harmonizar “ao máximo com o exterior”. O chão em cimento afagado, as madeiras dos móveis desenhados também pelo gabinete MJARC e feitos, à medida, por uma fábrica em Portugal, são algumas das características do interior que a arquitecta portuense escolhe ressaltar.

Este é um dos vários projectos que o gabinete já desenvolveu na região do Douro. “As pessoas vão-se identificando com os projectos anteriores e assim surgem novas oportunidades de fazer novas intervenções nas margens do rio Douro, que é realmente uma área privilegiada e de uma beleza natural única.”