15 de agosto de 2025 – Pesquisadores anunciaram a descoberta de fósseis dentários na região de Afar, na Etiópia, datados de cerca de 2,65 milhões de anos, pertencentes a uma espécie até então desconhecida de Australopithecus, ancestral humano primitivo. A nova espécie viveu na mesma época e região que os primeiros representantes do gênero Homo, ao qual pertence o Homo sapiens, nossa espécie.
Os fósseis foram encontrados no sítio de pesquisa Ledi-Geraru, e incluem 10 dentes — seis molares, dois incisivos, um pré-molar e um canino — provenientes de dois indivíduos diferentes.
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Nova espécie de Australopithecus revela complexidade da evolução humana
Antes da descoberta, seis espécies de Australopithecus eram conhecidas a partir de fósseis encontrados em diversas regiões da África. Os dentes recém-identificados apresentam características distintas, indicando a presença de uma sétima espécie de Australopithecus.
Além disso, os cientistas encontraram três dentes datados de 2,59 milhões de anos, pertencentes à espécie mais antiga conhecida de Homo, revelando que Australopithecus e Homo coexistiam na mesma região, possivelmente competindo por recursos.
Segundo os pesquisadores, essa descoberta reforça a ideia de que a evolução humana não seguiu uma linha única, mas se ramificou em múltiplas espécies ao mesmo tempo. “O padrão da evolução humana é semelhante ao de outros organismos, ramificando-se repetidamente em múltiplas espécies ao longo do registro fóssil”, afirmou o paleoantropólogo Brian Villmoare, principal autor do estudo.
Dentes fósseis fornecem pistas sobre hábitos alimentares e competição por recursos
A paleoecologista Kaye Reed, codiretora do projeto, explicou que os dentes estão sendo analisados para determinar se Australopithecus e Homo consumiam os mesmos alimentos, o que indicaria competição direta por recursos. Ferramentas de pedra bruta, possivelmente produzidas pela espécie Homo, foram encontradas nas proximidades, confirmando o uso de tecnologia primitiva na época.
A idade dos fósseis foi determinada por datação de cristais de feldspato contidos em cinzas vulcânicas, com base na decomposição radioativa do argônio.
Contexto geográfico e histórico da região de Afar
Durante o período em que essas espécies viveram, a região de Afar apresentava rios e lagos rasos, com vegetação abundante e uma fauna diversificada, incluindo girafas, cavalos, porcos, elefantes, hipopótamos e predadores como tigres dentes-de-sabre e hienas.
O gênero Australopithecus, que inclui o famoso fóssil Lucy (Australopithecus afarensis), se extinguiu, mas desempenhou papel crucial na evolução humana. Villmoare destacou que a nova espécie não representa um “elo perdido” e pode não ser ancestral direto de qualquer espécie conhecida. “Espécies surgiram e muitas foram extintas. Cada descoberta é uma peça do quebra-cabeça da evolução humana”, disse Kaye Reed.
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