Apesar de jogar noutros nichos, com as suas submarcas M-Hero ou Voyah, a Dongfeng, uma das cinco maiores construtoras de automóveis chineses, escolheu como cartão de apresentação o mais pequeno — e mais barato — da sua gama. Com 4,03 metros de comprimento, o Dongfeng Box é um citadino por excelência, que privilegia a condução urbana, ainda que se apresente com credenciais que o tornam capaz de enfrentar outro tipo de desafios.
Com um único motor, de potência equivalente a 95cv, apresenta-se com uma velocidade máxima de 140 km/h, o suficiente para não se arrastar numa auto-estrada nem nos fazer passar vergonha — ou, mais relevante, correr riscos — numa ultrapassagem… desde que embalado. Isto porque, ainda que o arranque inicial seja suficientemente expedito para sair disparado num sinal, dependendo do perfil de condução seleccionado, o tempo que demora a ir de 0 a 100 km/h não é aliciante (leva mais de 12 segundos).
De qualquer das formas, é possível escolher o comportamento consoante as necessidades. Há três modos de condução: Eco, que corta potência e prestações, reduzindo consumos (a marca anuncia 15,6 kWh/100 km, mas, na cidade, é possível registar valores em torno dos 13 kWh/100 km), mas com o qual o acelerador parece estar “preso”; Normal, que faz um bom equilíbrio entre eficiência e comportamento; e Sport, para quando se precisa de um bocadinho de mais emoção (não se pense que é muita, mas pode dotar uma viagem de um pouco de mais dinamismo).
Em estrada de curvas, com o modo Sport accionado, o seu comportamento foi francamente positivo, revelando boa aderência e capacidade de se adaptar ao traçado, com a suspensão a fazer bem o seu trabalho de absorver a maioria das irregularidades do asfalto. O pedal do travão não revela aquele vazio que se sente muitas vezes na condução de um automóvel eléctrico, sendo bastante fácil de usar.
Dongfeng Box Plus 42 kW
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A autonomia WLTP de 310 quilómetros, proporcionada pela bateria LFP de 42,3 kWh, é mais do que suficiente se tivermos em conta que as viagens serão sobretudo urbanas. Para deslocações maiores, é possível não perder muito tempo graças à capacidade de aceitar carregamentos rápidos de até 75 kW, o que se traduz em meia hora para recuperar de 20 a 80% da carga. Em corrente alternada, o Box, diz a Dongfeng, aceita uma potência até 6,6 kW (7h15 para o carregamento dos 0 aos 100%)
Aposta no equipamento
O Box é pequeno, mas nem por isso parece ter sido desenhado sem atenção aos detalhes, afirmando-se como uma espécie de carro cosmopolita, de visual modernista, com linhas simples, mas que chamam a atenção — e uma paleta de cores (amarelo, azul, roxo) que ajuda, assim como as jantes de 17 polegadas ou os faróis full LED (no caso da versão Plus, que também conta com câmara de assistência ao estacionamento a 360º).
Por dentro, também se percebe a importância dada aos detalhes, surgindo com estofos em pele sintética ou banco de condutor eléctrico, com memória, aquecido e ventilado. Aliás, o equipamento de série é generoso, incluindo 14 sistemas de ajuda à condução, carregamento sem fios para o telemóvel e ecrã central táctil de 12 polegadas. O que não traz: rádio. Algo que se estranha inicialmente, mas que acaba por fazer sentido quando se tem em mente o tipo de cliente alvo, jovem, que anda com o rádio atrás… no telemóvel. Só que, para conseguir emparelhar o telemóvel com o veículo, é necessário ter uma espécie de intermediário: no nosso caso, o automóvel vinha equipado com um dongle, um adaptador de Bluetooth, que se liga à porta USB.
Dongfeng Box Plus 42 kW
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O espaço interior é interessante, até pelo facto de se tratar de um automóvel com mais de quatro metros de comprimento, com uma mais-valia: admite o transporte de cinco pessoas ao contrário da maioria dos modelos do seu segmento. Claro que não será a viagem mais confortável, mas o banco traseiro corrido consegue acomodar três adultos se os trajectos forem curtos. É que, apesar de haver espaço para pernas, o lugar do meio não dispõe de encosto de cabeça. Por isso, não vale a pena olhar para o Box como um carro de cinco lugares. Mas, em caso de uma necessidade, o quinto lugar existe e pode ser usado.
Na altura de arrumar bagagem, os 326 litros da mala estão mais em linha com um utilitário ou mesmo um pequeno familiar do que com um citadino. Mas também o preço se alinha com carros ligeiramente maiores, o que se explica pela qualidade apresentada em vários parâmetros: a versão mais despida, a Pro, apresenta-se desde 26.755€; a ensaiada, a Plus, a partir de 28 mil euros.