O mundo divide-se em dois perfis distintos de pessoas no que toca a tendências: os chamados “early adopters” e os “late adopters”. Os primeiros estão sempre em busca da próxima novidade, gostam de experimentar estilos diferentes e assumir riscos, abrem caminhos e preferem liderar em vez de seguir. Mesmo correndo o risco de ser alvo de críticas ou rejeição, preferem ser considerados pioneiros. Já os segundos são mais cautelosos e não se envolvem no processo de experimentação. Procuram segurança, estabilidade e funcionalidade, e só adotam o que já foi validado pela maioria.
Ambas as abordagens têm vantagens e desafios. Quem quer ditar as tendências vive numa lógica de antecipação, e, normalmente, está disposto a pagar mais pela novidade — especialmente, porque logo após o lançamento, não existem garantias de sucesso comercial.Por outro lado, quem prefere esperar para adotar uma moda “que está prestes a deixar de o ser”, costuma beneficiar de preços mais reduzidos e de maior variedade no mercado. E, entretanto, já teve mais tempo para avaliar se determinada tendência realmente se adequa ao seu estilo de vida.
No universo da moda, esta distinção é evidente, especialmente no que diz respeito aos preços e aos saldos: as peças acabadas de lançar são sempre mais caras e, pouco depois, podem ser compradas por uma fração do valor original. Todas as fashionistas sabem que ditar tendências tem um preço.
O ano passado, o cow print, também conhecido como estampado de vaca, voltou em força. As influencers “early adopters” começaram logo a adotá-lo como alternativa aos animal prints clássicos, como o leopardo e a zebra. Em pouco tempo, as manchas brancas e pretas ou castanhas estavam por todo o lado. Inspirado no universo western e associado ao faroeste, entre os padrões inspirados em animais é considerado “mais autêntico e genuíno”— afinal, é mais fácil vê-lo de perto nos bovinos, ao contrário de estampas como a do leopardo ou da zebra. No início de 2025, modelos com esta estampa invadiram as redes sociais, depois de serem incluídos em coleções de marcas como Dior, COS, Gestuz, Off-White e Michael Kors.
Se conseguiu resistir até agora à tendência, descobrimos a proposta perfeita para se render às manchas. Além da qualidade deste modelo — feito à mão em Portugal, como materiais premium —, o preço é outro dos argumentos a favor: se chegar à conclusão, que, afinal o estampado vaca não encaixa com o seu estilo, pelo menos, o rombo no orçamento terá sido moderado.
Falamos das sandálias/chinelos Opala Cow Preto, da Gouchas Handmade, marca da Benedita com quase meio século de história. O negócio familiar é gerido por Isaac Fialho, com 36 anos, que cresceu rodeado por máquinas de costura e processos de produção artesanais. Assumiu a empresa há cerca de uma década, pouco depois de concluir o ensino secundário, numa altura em que o pai, Luís Goucha, enfrentava problemas de saúde. “O processo decorreu naturalmente. Já estava tudo cá dentro”, recorda. Desde então, Isaac foi imprimindo o seu cunho pessoal ao negócio, sem nunca perder de vista as origens.
Durante a pandemia, decidiu apostar numa marca própria. Até então, a empresa produzia essencialmente para outras etiquetas e continuavam a apostar em pares clássicos, como as sandálias romanas. “Nessa altura percebemos que era preciso inovar e assumir a nossa identidade”, explica. Embora Luís já tivesse iniciado a criação de novos modelos, foi com a entrada do filho que esse ímpeto criativo ganhou expressão, também para responder a um aumento da procura por este tipo de calçado.
A Gouchas Handmade foi formalizada em 2020 e tem crescido de forma equilibrada, mantendo a produção manual e uma filosofia de crescimento sustentável. “Queremos crescer e ver cada vez mais pessoas a usar os nossos modelos. Trabalhamos para isso todos os dias”, afirma Isaac.
- Estilo e conforto a um preço incrível.
Os designs apresentam uma diversidade de cores, padrões e texturas, conciliando tradição com atenção ao pormenor. “Tentamos ter algum stock dos modelos mais vendidos, mas a ideia é não produzir em massa”, sublinha. O objetivo é respeitar o tempo de fabrico, minimizar o desperdício e privilegiar a produção por encomenda.
Um dos modelos mais vendidos desde o início do ano foram precisamente os Opala Cow Preto, que agora encontra na secção “oportunidades”, na loja online da marca. Estes chinelos feitos à mão, com duas tiras largas, ajustáveis ao pé com fivela em zamak (liga metálica composta por zinco, alumínio, magnésio e cobre), conhecida pela sua alta qualidade, durabilidade.
Já a palmilha almofadada, em cortiça natural, crute acamurçado e esponja de látex, garante o conforto necessário para o uso diário. A descrição sublinha ainda que são “super leves”. O melhor? Combinam com vários looks: desde uns simples jeans, a um vestido fluído e esvoaçante ou a uns calções ou calças de alfaiataria pretas, com uma T-shirt gráfica, para apostar no contraste formal vs. descontraído.
Atualmente, estes chinelos Opala Cow Preto custam 36,90€, e estão disponíveis nos tamanhos 35, 36, 37, 39 e 41 (os restantes números já estão esgotados) — na loja online da Gouchas Handmade, ou na própria fábrica, na Benedita.
A equipa conta com cerca de 15 elementos. Recentemente, a empresa mudou-se para instalações mais amplas, melhorando as condições de trabalho e a capacidade de produção, mas também a forma de receber de quem prefere comprar diretamente na fábrica. “Criámos um ambiente mais acolhedor. Temos muitos clientes que vêm até cá e queremos recebê-los bem”, refere Isaac.
A próxima coleção, dedicada ao outono/inverno, será lançada entre setembro e outubro.Elsa
Carregue na galeria para conhecer os outros modelos da Gouchas Handmade.
FICHA TÉCNICA
- MORADA
Rua da Cerâmica, nº 24
2475-040 Ribafria – Benedita Alcobaça