Houve 2-0 à meia hora, expulsão no adversário e 3-0 ao intervalo. Jogo feito, segunda parte para gerir. Foi isto que o Sporting viveu neste domingo, no 6-0 aplicado ao Arouca, em Alvalade.
O que o Arouca levou a esta 2.ª jornada da I Liga 2025-26 tinha potencial para ser divertido de se ver. Era uma distribuição táctica interessante e um modelo de jogo incomum – e ousado. O problema para quem queria ver no que isso poderia dar é que o Sporting acabou com o jogo meia hora depois.
Os “leões” não só foram muito competentes na forma de destruir a tal ideia ousada do Arouca como beneficiaram da expulsão no adversário para “matarem” o jogo rapidamente. Rui Borges foi sagaz naquilo que pediu a Geny Catamo, Debast foi um desbloqueador de futebol ofensivo e o Sporting venceu tranquilamente.
Espaço para Geny
O Arouca preparou um 4x2x3x1 que, sem bola, era quase sempre um 4x4x2, com Lee a pressionar na frente. A pressão era bem alta e criava-se um paradoxo para o Sporting – quanto mais longe da baliza do Arouca mais jogo ofensivo criava.
Quando se instalava mais à frente, o Sporting acabava por estar mais próximo da baliza adversária, mas sem o espaço para jogar por dentro. O motivo era simples: quando o Sporting saía a construir mais atrás, o Arouca pressionava com os quatro da frente, mas os médios não acompanhavam – ou seja, Hjulmand podia colocar-se atrás da primeira linha de pressão e jogar confortavelmente de frente para o jogo.
Com uma defesa pouco larga, o Arouca tinha também os laterais sempre muito por dentro e o Sporting forçava o oposto: Geny encostado à linha, com Fresneda mais interior. Resultado: se a bola chegasse a Geny, este poderia encarar o lateral já com embalo – aconteceu quatro vezes nos primeiros 12 minutos, já que o Sporting insistia na “receita”.
Insistia tanto que usou isso como engodo. Aos 20’, atraiu o Arouca a esse lado, que se aproximou bastante por estar escaldado com os raides de Geny. Com isso, destapou do lado oposto. Debast enviou uma bola longa (uma de muitas neste jogo) para a esquerda do ataque, onde Trincão fazia diagonal de fora para dentro.
O mau domínio do português fez a bola sobrar para Suárez, que sofreu penálti do guarda-redes. O árbitro levou o apito à boca, mas aguentou para ver se haveria golo. E houve, com finalização de Mangas que tirou nexo a um eventual penálti que só beneficiaria o Arouca – a célebre frase de “não há lei da vantagem no penálti” é uma “futebolice” que não está plasmada nas Leis do Jogo.
Suplício de 45 minutos
Aos 30’, um livre lateral deixou Inácio caído no chão. O VAR chamou Hélder Malheiro, que reviu o lance e não só assinalou penálti, como exibiu um cartão vermelho a Nandín. Luis Suárez converteu o pontapé da marca dos 11 metros e, já perto do intervalo, com o Arouca quase todo dentro da área, foi Trincão a encontrar espaço para um remate colocado.
Com 3-0 no marcador, o jogo estava mais do que feito e isso permitiu a Rui Borges lançar Vagiannidis ao intervalo – o lateral grego mostrou-se logo aos 50’, com uma boa assistência, de primeira, para uma finalização fácil de Mangas, que conseguiu a façanha de bisar na estreia em Alvalade.
O jogo tornou-se um suplício para o Arouca, que foi trocando as peças mais por razões de ordem física, e o Sporting foi-se divertindo. Suárez bisou com uma grande finalização aos 62’ e Trincão não quis ficar atrás, voltando a marcar aos 76′.