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O ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Johann Wadephul, acusou esta segunda-feira a China de fornecer apoio vital à Rússia na guerra contra a Ucrânia, numa declaração proferida durante uma visita a Tóquio, onde participou numa sessão da Sasakawa Peace Foundation.

As declarações do diplomata alemão surgem antes de uma reunião de alto nível entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, e outros líderes europeus, com o objetivo de discutir o conflito em curso em Kiev.

Segundo Wadephul, “a guerra da Rússia só é possível graças a um apoio crucial da China”. O ministro sublinhou que 80% dos bens de uso dual utilizados pela Rússia provêm da China, país que é também o maior comprador de petróleo e gás russos. “Esta situação contraria não só os interesses de segurança europeus, mas também os dos nossos parceiros no Indo-Pacífico”, acrescentou.

Relações comerciais e sanções
O ministro destacou que o presidente Trump já ameaçou aplicar sanções secundárias a países que continuem a comprar energia russa e impôs uma tarifa de 25% à Índia por adquirir petróleo russo, além de outra tarifa devido a tensões comerciais. No entanto, Trump ainda não aplicou medidas semelhantes contra a China.

Wadephul criticou também o discurso chinês de defesa dos princípios de não interferência e integridade territorial, afirmando que, na prática, a China os subverte.

O ministro alemão destacou que a Coreia do Norte tem fornecido munições e tropas à Rússia, algo que, segundo especialistas, não seria possível sem a aprovação chinesa. Wadephul afirmou que “se a Rússia está a disparar obuses norte-coreanos sobre a Ucrânia, isso não só mina a ordem de segurança na Europa, como também desequilibra o poder na Ásia”, acrescentando que a Rússia demonstra a sua gratidão através da transferência de tecnologia e conhecimentos técnicos.

Durante declarações à imprensa em Tóquio, Wadephul alertou ainda para desenvolvimentos preocupantes no Estreito de Taiwan e no Mar do Sul da China, regiões onde Pequim “ameaça repetidamente, mais ou menos abertamente, alterar unilateralmente o status quo e redefinir fronteiras”.

O ministro frisou, porém, que “o princípio da proibição da violência consagrado na Carta das Nações Unidas aplica-se, e qualquer escalada neste ponto sensível do comércio internacional teria sérias consequências para a segurança global e a economia mundial”.