Investigadores japoneses identificam dois “formatos” diferentes de um mesmo gene que explicam as riscas brancas nas pétalas da planta Saintpaulia
Uma equipa da Universidade de Kindai, no Japão, descobriu o gene responsável pelos padrões únicos de cor nas flores da violeta-africana (nome científico: Saintpaulia ionanthus), uma planta muito apreciada por ser bonita e decorativa.
O estudo, publicado em Agosto de 2025 na revista científica New Phytologist, mostrou que um único gene chamado SiMYB2 pode criar duas versões diferentes (ou transcritos) que controlam a presença de pigmentos coloridos nas pétalas — especialmente um pigmento chamado antocianina (que dá cores como o roxo, rosa ou azul).
O mistério das riscas brancas
Durante muitos anos, pensava-se que as pétalas com riscas brancas surgiam por causa de uma estrutura chamada quimera periclinal (camadas de células com diferentes genes, como se fossem tecidos com padrões diferentes).
Mas os cientistas liderados pelo Professor Munetaka Hosokawa provaram que o padrão riscado é causado por regulação genética seletiva (ou seja, o gene é ativado ou desativado em certas partes da flor).
Dois transcritos, duas funções
Usando técnicas de laboratório (como cultura de tecidos e análise genética), os investigadores cultivaram plantas com pétalas completamente coloridas, brancas ou com riscas. Descobriram que:
- A versão SiMYB2-Long do gene está ativa nas partes coloridas da pétala.
- A versão SiMYB2-Short só aparece nas partes sem cor.
Além disso, perceberam que nas pétalas brancas, os genes que produzem antocianinas estavam desligados.
Porque é isto importante?
Segundo o Professor Hosokawa, esta descoberta ajuda a explicar como surgem as flores com padrões de cor. No futuro, isto pode permitir que os produtores de plantas criem flores com cores e desenhos específicos, de forma mais controlada.
“As pessoas têm criado novas variedades de flores há muito tempo através de mutações. Mas só agora estamos a começar a entender como surgem os padrões nas pétalas,” disse o professor. “Nos próximos anos, poderemos usar esta informação para melhorar o cultivo de flores decorativas.”