José Mourinho, técnico do Fenerbahçe, concedeu uma entrevista ao canal brasileiro Sporty Net, na qual abordou vários temas, desde o jogador que mais o fez crescer na carreira às informações que apontavam Neymar ao clube turco, comentando ainda abordagens para ser selecionador do Brasil, assinalando «o destino» de treinar Portugal. Quanto ao jogador brasileiro com quem trabalhou que mais o impressionou, riu: «O Carlos Alberto, no FC Porto».
Uma das respostas que surpreendeu foi sobre o jogador que mais o fez crescer como treinador: «Messi. Porque cada vez que jogava contra ele obrigava-me a pensar.»
Questionado sobre o interesse do Fenerbahçe em Neymar, foi contundente: «Não. Acho que ele tem um estatuto e uma situação onde pode escolher o seu futuro, pode escolher onde ele está mais feliz, já ganhou a nível europeu a competição maior, já ganhou na Arábia, financeiramente, nem vale a pena pensar quantos zeros é que são, agora volta ao Brasil, volta à sua paixão, seguramente está mais interessado num ano que é o ano que termina com a Copa do Mundo, que para vocês brasileiros é uma coisa importantíssima. E para ele, que tem tido tantas frustrações como jogador da Canarinha, acho que este ano para ele vai ser um ano de grande foco naquilo que vai ser o Mundial nos Estados Unidos.»
«A seleção brasileira tem um treinador fantástico. Que não é só um grande treinador, é também um grande gestor, é também um grande condutor de homens, está habituado a liderar jogadores também de grandes egos e jogadores de grande perfil. A carreira dele, Real Madrid, Milan, Bayern, para ele, ao contrário daquilo que pode acontecer com outro tipo de treinador, para ele não há impacto no sentido de ou tem dificuldade em ser treinador do Neymar, tem dificuldade em ser treinador do Vinícius, não tem dificuldade nenhuma», disse.
«Acho que o nível deles como jogador é inferior ao nível do Carlo como treinador, porque o Carlos ganhou muito mais do que aquilo que eles ganharam. Portanto, eu acho que nesse sentido, o Carlo está em absoluto controlo. Aquilo que eu estou convencido é que o Neymar, para ser feliz com o Carlo, tem que ir na direção do Carlo, não o Carlo na direção do Neymar», acrescentou.
Questionado sobre se recebeu uma proposta da canarinha, antes de o italiano ser confirmado como novo selecionador, atirou: «Diretamente, não. E nestas coisas indiretas, a experiência ensinou-me a ter um pé à frente e um pé atrás. Não foi uma pessoa que falou comigo sobre a Seleção Brasileira. Não foram duas, não foram três, não foram quatro. Foram muitas. Empresários, ex-jogadores, contacto, eu represento a CBF, eu represento não sei quem, e a experiência ensinou-me a ir com um pé à frente e um pé atrás. Mas também honestamente, porque era uma coisa que não me interessava. E então nem sequer procurei desenvolvê-la.»
O meu destino em termos de seleções é fazer um campeonato do mundo com Portugal
E acrescentou: «Estou fora de Portugal desde 2004, e acho que o meu país não aceitaria que eu treinasse numa seleção que não fosse a minha. Acho que o meu destino em termos de seleções, porque é uma coisa que eu quero fazer, acho que o meu destino em termos de seleções é fazer um campeonato do mundo com a Seleção Portuguesa (…) A minha primeira experiência como treinador de seleção acho que tem que ser com Portugal. E depois as pessoas já entenderão que eu como profissional posso treinar seleções.»
O jogador brasileiro mais diferente, no sentido de ter contribuído grandemente para a minha aceleração de cabelos brancos, foi o Carlos Alberto do FC Porto
Quanto ao jogador brasileiro que treinou que mais o surpreendeu, brincou: «O mais diferente, no sentido de ter contribuído grandemente para a minha aceleração de cabelos brancos, foi o Carlos Alberto do FC Porto, que era um menino com 18 anos que chegou lá e fez história. Fez história, ganhou o Champions, é o segundo jogador mais jovem de sempre a marcar um gol numa final de uma Champions. O primeiro jogo que ele fez quando chega à Europa era jogar contra o Manchester United na Champions League. O Carlos foi um jogador que teve um impacto tremendo e eu também era um jovem treinador, tinha começado há pouquíssimo tempo. Mas era um rapaz super divertido, mas eu volto a dizer, contribuiu bastante para isto.»
«Depois tive sempre jogadores brasileiros fantásticos, começando nessa equipa o Deco, que foi um jogador fundamental e que depois teve uma carreira posterior. Agora, nesta última fase, na Roma, estou com o Fred, com o Talisca, com o Diego Carlos, com o Becão. Tive sempre muitos jogadores brasileiros na minha história…»