Em mensagem na rede social Truth, Trump afirmou que, no final da reunião na Casa Branca com Zelensky e líderes europeus sobre o conflito na Ucrânia, telefonou a Putin e iniciou “os preparativos para uma reunião, em local a determinar”, entre os chefes de Estado russo e ucraniano.
“Após essa reunião, teremos uma reunião trilateral, que seriam os dois presidentes, para além de mim”, adiantou.
Citando fonte próxima do encontro, a AFP adianta que Putin disse a Trump estar pronto a encontrar-se com Zelensky.A reunião em Washington foi convocada por Donald
Trump, após uma cimeira no Alasca na sexta-feira com o homólogo russo,
que não produziu nenhum anúncio relacionado com um acordo para o
conflito.
Tanto Trump como Zelensky manifestaram abertura à possibilidade de se reunirem com Putin num futuro próximo, em formato trilateral, para tentar negociar um acordo de paz.
“Estamos prontos para um encontro bilateral com Putin e depois disso esperamos um encontro trilateral” com a participação de Donald Trump, afirmou o chefe de Estado ucraniano à imprensa.
Segundo Trump, a coordenação com a Rússia e a Ucrânia está a ser assegurada pelo vice-presidente JD Vance, pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e pelo enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff.
Sem mencionar especificamente um futuro encontro Putin-Zelensky, o Kremlin confirmou apenas que o presidente russo e Trump discutiram por telefone a possibilidade de aumentar o nível de representação na próxima ronda de conversações diretas com a Ucrânia.
“Discutiu-se a ideia de que seria necessário explorar a possibilidade de elevar a representação da Ucrânia e da Rússia a um nível superior”, disse o conselheiro diplomático do presidente russo para a política internacional, Yuri Ushakov, citado pela agência de notícias Tass.
“Em particular, foi discutida [entre Putin e Trump] a ideia de que poderia ser estudada a possibilidade de aumentar o nível de representação dos lados ucraniano e russo, ou seja, dos representantes que participam nas negociações diretas”, acrescentou Ushakov.
Em declarações aos meios de comunicação russos, Ushakov adiantou que a conversa durou 40 minutos.
A Rússia tem condicionado um encontro com o presidente ucraniano a uma aceitação prévia sobre os termos de um acordo de paz, que os dois líderes celebrariam.Os parceiros europeus de Kiev têm por seu lado
exigido como primeiro passo um cessar-fogo, enquanto as forças russas
continuam a fazer ataques diários – com vagas de drones, bombas e mísseis – contra infraestruturas ucranianas, frequentemente civis.
A delegação russa nas três últimas rondas de negociações, realizadas em Istambul, foi liderada, tal como logo após a invasão russa em março de 2022, por Vladimir Medinsky, conselheiro de Putin para assuntos culturais.
A escolha de Medinsky foi amplamente criticada pela Ucrânia, União Europeia e NATO, por demonstrar falta de compromisso do Kremlin em chegar a um acordo de paz.
As três primeiras rondas resultaram apenas na troca de prisioneiros de guerra e restos mortais de soldados, mas em nenhum momento foram discutidos em profundidade os aspetos políticos do conflito.
Macron quer encontro Zelensky – Putin na Europa
O encontro entre Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin deverá realizar-se na Europa, afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron, que defende a sua realização em Genebra.
“Mais do que uma hipótese, é mesmo a vontade coletiva”, disse Macron numa entrevista transmitida na terça-feira pela LCI, quando questionado sobre a realização deste encontro na Europa, anunciado após o encontro em Washington.
“Será um país neutro e, por isso, talvez a Suíça — defendo Genebra — ou outro país. A última vez que houve discussões bilaterais foi em Istambul”, recordou.
Garantias de segurança
Na segunda-feira, Donald Trump e os líderes europeus também “discutiram garantias de segurança para a Ucrânia, garantias que seriam fornecidas por vários países europeus, em coordenação com os Estados Unidos da América“, segundo o presidente norte-americano. Após uma primeira reunião com Zelensky, seguiu-se
uma reunião de Trump também com os líderes europeus, que terminou em
conversações na Sala Oval da Casa Branca, tendo sido discutidas as
garantias de segurança para a Ucrânia, acrescentou o presidente
norte-americano na rede mesma rede social.
“Todos estão muito contentes com a possibilidade de paz para a Rússia/Ucrânia. Mais uma vez, este foi um passo inicial muito bom para uma guerra que já dura há quase quatro anos”, referiu Trump.
Além de Zelensky, marcaram presença segunda-feira, na Casa Branca, os líderes alemão, Friedrich Merz, francês, Emmanuel Macron, e britânico, Keir Starmer. Estiveram ainda presentes a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o chefe Estado da Finlândia, Alexander Stubb.
“As garantias de segurança serão provavelmente decididas pelos nossos parceiros, e haverá cada vez mais detalhes, uma vez que tudo será escrito e formalizado (…) dentro de uma semana a dez dias”, realçou Zelensky.Moscovo recusa quaisquer garantias de segurança através da NATO e do seu mecanismo de defesa coletiva, o artigo 5.º.
Em relação à segurança da Ucrânia, Macron anunciou a organização, com o Reino Unido, de uma reunião a partir desta terça-feira ao meio-dia da “coligação dos dispostos”, os “30 países que trabalham em garantias de segurança para os manter informados sobre o que foi decidido”.
“Neste processo, estamos a iniciar um trabalho concreto com os americanos e, por isso, a partir de amanhã (terça-feira), os nossos conselheiros diplomáticos, ministros e chefes de gabinete começam a trabalhar para ver quem está pronto para fazer o quê”.
Para o inquilino do Eliseu, “quando falamos sobre garantias de segurança, também estamos a falar sobre a questão da segurança do continente europeu”.Cessar-fogo antes das negociações de paz
Trump pareceu descartar a necessidade de qualquer cessar-fogo antes das negociações para colocar um ponto final no conflito que começou em fevereiro de 2022.
No passado, essa foi uma das principais exigências da Ucrânia, que deixou claro que vê o fim dos conflitos como um pré-requisito para novas negociações com a Rússia e, em última análise, para um acordo de longo prazo.
Um cessar-fogo também poderia ser um pouco mais fácil de ser acordado do que um acordo de paz completo, o que levaria muitos meses de negociações, durante os quais o ataque da Rússia à Ucrânia provavelmente continuaria.
“Não sei se é necessário”, disse Trump sobre um cessar-fogo.
Mas os líderes europeus pareceram reagir, com a refutação mais forte vindo do chanceler alemão Friedrich Merz.
“Não consigo imaginar que a próxima reunião aconteça sem um cessar-fogo”, disse Merz. “Então, vamos trabalhar nisso e tentar pressionar a Rússia.”
Quando solicitado a falar, Zelensky não reiterou seus apelos anteriores para que um cessar-fogo fosse estabelecidoTroca de terras
Para Zelensky, as possíveis concessões territoriais exigidas pela Rússia à Ucrânia são “uma questão que deixaremos entre mim e Putin”.
Segundo a CNN, o termo troca de terras é o tipo de frase que oculta seu verdadeiro significado. A Ucrânia, segundo o plano russo, estaria essencialmente a negociar por diferentes partes de seu próprio território. Putin obteria áreas estratégicas valiosas e ofereceria ou
O Kremlin quer, por meio de negociações, capturar terras que as tropas
russas não conseguiram conquistar, incluindo a região de Donbass, um
centro económico e industrial, no leste da Ucrânia.tras regiões menos críticas que Moscovo já conquistou em outras partes da Ucrânia.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, por sua vez, afirmou que a Ucrânia não deveria ser forçada a fazer concessões territoriais como parte de um possível acordo de paz.
“A exigência russa de que Kiev ceda as partes livres do Donbass corresponde, francamente, a uma proposta de que os Estados Unidos cedam a Florida”, exemplificou.
Já Emmanuel Macron defende que cabe a Kiev” decidir em relação às concessões territoriais. “A Ucrânia fará as concessões que considerar justas e apropriadas”.
“De qualquer forma, sejamos muito cautelosos quando falamos de reconhecimento legal. Não ajamos com base no reconhecimento legal, ou seja, não deixemos que países que são garantes da ordem internacional digam podemos tomar territórios à força, porque estamos a abrir uma caixa de Pandora”, alertou.
“Obrigado”
“Obrigado pelo convite e muito obrigado pelos vossos esforços, os vossos esforços pessoais para acabar com a matança e parar esta guerra”, disse o presidente ucraniano, que tinha sido criticado pela sua ingratidão da última vez.
“Acho que tivemos uma conversa muito boa com o presidente Trump, foi realmente a melhor”, disse o chefe de Estado ucraniano ao início da tarde.
Antes de uma reunião alargada com os líderes europeus, Trump e Zelensky tiveram um encontro bilateral na Sala Oval, onde responderam a algumas perguntas dos jornalistas num tom cordial, o oposto da humilhação pública sofrida pelo presidente ucraniano no mesmo local no final de fevereiro.
Volodymyr Zelensky e os europeus fizeram tudo o que podiam para deixar Donald Trump no melhor humor possível após o seu encontro inconclusivo com Vladimir Putin na sexta-feira, durante o qual o presidente russo não fez concessões à Ucrânia.
O presidente ucraniano vestia um casaco e uma camisa pretos, o que lhe valeu elogios de Donald Trump, que está atento aos sinais de protocolo.
Volodymyr Zelensky foi criticado pelos apoiantes de Donald Trump, em fevereiro, pelo seu traje de inspiração militar, considerado demasiado casual.
c/ agências