Um papagaio de estimação tornou-se peça-chave na queda de um dos principais grupos de tráfico de droga em Blackpool, no Reino Unido. Chamado Mango, o animal foi treinado para reproduzir o calão usado no comércio ilegal e acabou por fornecer pistas essenciais que levaram à prisão de 17 pessoas.
De acordo com o jornal The Independent, Mango, de cor laranja semelhante a uma manga, foi ensinado a repetir expressões comuns entre traficantes de rua, incluindo a frase “two for 25” (“dois por 25”), usada para indicar preço e quantidade de droga a potenciais clientes. O papagaio pertencia a Shannon Hilton, namorada de Adam Garnett, considerado o líder da rede criminosa.
As autoridades britânicas apresentaram vídeos do animal como prova em tribunal. Nessas gravações, Mango surgia a manipular notas de dinheiro enquanto repetia frases associadas ao tráfico, evidências que ajudaram a confirmar a estrutura do gangue e a atividade criminosa dos seus elementos.
Segundo a investigação, Garnett dirigia a operação a partir da prisão, entre 2023 e 2024. A sua cela estava equipada com telemóveis, routers Wi-Fi e até gravações do próprio papagaio. O caso expôs a forma como o líder conseguiu manter-se ativo atrás das grades e, simultaneamente, deixou um rasto de provas quase impossíveis de ignorar.
Entre os cúmplices, Dalbir Sandhu ficou conhecido por registar as transações como se estivesse a filmar um documentário, enquanto Jason Gerrand também participou nas operações. Gareth Burgess destacou-se pelo exibicionismo: aparecia em vídeos a ostentar grandes quantias de dinheiro e a relatar de forma detalhada os crimes cometidos. Esta atitude, segundo os investigadores, facilitou o trabalho policial, dado que cada publicação nas redes sociais servia como evidência direta.
No tribunal, 15 elementos do grupo assumiram a sua culpa. Garnett foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão, enquanto Shannon Hilton recebeu uma pena de 12 anos. Os restantes receberam penas que variaram entre cinco e dez anos.
Apesar das condenações, dois membros da rede continuam em fuga. Trata-se de Chloe Stott e Ryan Black, que não compareceram em tribunal e são agora procurados pelas autoridades britânicas.