O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou esta terça-feira, 19 de Agosto, ao final da tarde aos jornalistas a partir de Vila Franca do Deão, na Guarda, após participar no funeral do ex-autarca Carlos Dâmaso, a primeira vítima mortal dos incêndios florestais que têm lavrado este ano em Portugal e que até agora já consumiram mais de 216 mil hectares de terrenos agrícolas e florestais.
Questionado sobre o silêncio da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral — que no domingo se recusou a responder aos jornalistas, após uma declaração na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil —, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o Governo é, pelo menos em teoria, responsável pelo que acontece no país e disse ser natural que a população queira respostas imediatas.
“Admito que quem acaba de chegar há dois meses esteja a descobrir os problemas e as respostas a dar. Isso também se aprende, eu próprio aprendi”, disse, respondendo à forma como Maria Lúcia Amaral tem lidado com as perguntas dos jornalistas.
No último domingo, 17, no final de uma declaração aos jornalistas a partir da sede da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil para anunciar o prolongamento da situação de alerta por mais 48 horas, a ministra da Administração Interna abandonou a sala sem responder a perguntas, nem mesmo sobre o funcionamento do sistema SIRESP, a rede de comunicações do Estado para comando e coordenação de comunicações em situações de emergência, que, de acordo com a Protecção Civil, teve falhas naquele dia. “Vamos embora”, disse a quem a acompanhava, enquanto se levantava e saía.
Já em relação à forma como está a decorrer o combate aos fogos este ano, Marcelo Rebelo de Sousa admite que haverá lições a tirar.
“Em 2017 aprendemos que era importante preservar o mais possível as vidas humanas e evitar mortos e feridos, mas infelizmente há excepções dramáticas. Aprendemos que é preciso mais prevenção, mas mais prevenção implica mais trabalho ao longo do ano”, acrescentou, admitindo que “há coisas a mudar e a melhorar”.
Terminado este período de incêndios florestais, em Setembro ou Outubro, será necessário reflectir sobre o actual sistema e “a conclusão a que poderá chegar-se é que as mudanças desde 2017 não foram suficientes”, disse o chefe de Estado, que na segunda-feira também esteve presente no velório do bombeiro da Covilhã que morreu a caminho do combate às chamas.
Marcelo recebeu esta semana o presidente da Liga de Bombeiros de Portugal e para a semana vai voltar a receber António Nunes.