A Europa enfrenta mais um verão marcado por ondas de calor intensas, colocando à prova a capacidade das redes elétricas de atender à crescente demanda por energia sem aumentar as emissões de gases com efeito de estufa.
Regiões do sudoeste da França, Croácia e Hungria registaram temperaturas superiores a 40°C só nesta semana. O calor extremo intensifica o uso de ar-condicionado, ao mesmo tempo que prejudica a produção de energia, especialmente em usinas termelétricas que dependem de água de rios para resfriamento.
Especialistas alertam que a rede elétrica europeia precisa se adaptar rapidamente, aumentando a flexibilidade e apostando em energias renováveis, para evitar apagões e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Pawel Czyak, diretor de políticas para a Europa do think tank Ember, afirma que as ondas de calor são um “lembrete severo” da necessidade de preparar os sistemas elétricos para temperaturas extremas cada vez mais frequentes, de acordo com a ‘Euronews’.
O número de aparelhos de ar-condicionado na União Europeia deverá saltar de menos de 7 milhões em 1990 para mais de 100 milhões em 2030, com a Itália a liderar o consumo, seguida por Grécia, França, Espanha e Alemanha.
As ondas de calor também reduziram a produção de energia em alguns países. Em França, entre 28 de junho e 2 de julho, 17 das 18 centrais nucleares sofreram cortes de capacidade, com algumas a serem totalmente desligadas. O calor elevado torna a água dos rios insuficiente para o arrefecimento dos reatores, além de ameaçar a biodiversidade local.
A Itália também sofreu apagões em cidades como Roma, Florença e Milão, devido à combinação de aumento repentino da procura e limitações na infraestrutura elétrica. Cabos subterrâneos superaqueceram, mostrando a necessidade urgente de modernização da rede.
Apesar do calor, a energia solar tem contribuído para aliviar a pressão sobre a rede. Junho de 2025 registou a maior produção mensal de eletricidade solar da União Europeia, com 40% da geração na Holanda e 35% na Grécia, coincidindo com os picos de consumo por ar-condicionado.
Por outro lado, a energia eólica enfrentou dificuldades. Na Finlândia, a produção caiu durante uma onda de calor, e no Reino Unido as turbinas geraram apenas 5% da energia necessária, aumentando a dependência do gás natural.
Pawel Czyak sublinha que são essenciais investimentos em redes flexíveis e renováveis para garantir a resiliência do sistema elétrico europeu e manter os custos sob controlo diante de temperaturas extremas cada vez mais comuns.