No relançamento do Livro Vermelho do Hip-Hop, Spensy Pimentel resgata a trajetória de luta do gênero

Brô MC's são citados como referência em livro sobre os 50 anos do hip-hop Brô MC’s em visita à redação do Campo Grande News. (Foto: Osmar Veiga)

O relançamento do Livro Vermelho do Hip-Hop, de Spensy Pimentel, resgata a trajetória de mais de 50 anos do movimento e mostra como, apesar de ter conquistado mercados globais, o hip-hop segue fiel à sua origem de luta. Nesse contexto de resistência, o grupo sul-mato-grossense Brô MC’s aparece como referência.

Brô MC’s, pioneiros do rap indígena no Brasil, são destaque no relançamento do livro “Vermelho do Hip-Hop”, de Spensy Pimentel. A obra aborda os 50 anos do movimento hip-hop e sua trajetória de resistência, com o grupo sul-mato-grossense representando a conexão do gênero com as lutas sociais. Originários das aldeias Jaguapiru e Bororó, os músicos usam o rap para expressar a realidade das comunidades indígenas, abordando temas como violência, suicídio e insegurança alimentar. Com letras em português, guarani e kaiowá, o Brô MC’s conquistou palcos importantes como o Rock in Rio e, em breve, o The Town. Recentemente, lançaram o álbum “Retomada”, com DJ Alok, reforçando a preservação das línguas originárias e a luta pela terra.

Pioneiros no rap indígena brasileiro, os músicos de Mato Grosso do Sul são citados pelo autor como exemplo de como o gênero se mantém conectado às lutas sociais. Criado em 2009 por jovens guarani-kaiowá, o Brô MC’s nasceu inspirado nos Racionais MC’s e em grupos de rap de São Paulo, mas logo ganhou voz própria ao traduzir, em rimas, a realidade das aldeias.

“Na época em que conversamos, eles falavam sobre como ouviam Racionais [Mcs], ouviam grupos de rap de São Paulo e se identificavam com a situação que era vivida nas favelas”, explica o pesquisador, autor de O Livro Vermelho do Hip-Hop.

Ele cita os problemas que aproximam as duas realidades, que se encontram na expressão pelas rimas do rap: “As reservas indígenas superlotadas e muito próximas da cidade, lá da região, padecendo de problemas urbanos, como violência, que afeta muitos jovens, um alto índice de suicídios e insegurança alimentar”, pontua.

Brô MC's são citados como referência em livro sobre os 50 anos do hip-hop Artistas de MS em apresentação com o DJ Alok. (Foto: Felipe Miranda)

A força dessa mensagem levou o grupo, formado por Kelvin, Bruno, Charles e Clemerson, das aldeias Jaguapiru e Bororó, a se tornar símbolo de resistência cultural. Há mais de 15 anos na estrada, os quatro ‘irmãos’ do rap unem português, guarani e kaiowá em músicas que conquistaram palcos como o Rock in Rio, festivais internacionais e, em setembro deste ano, chegarão também ao The Town, um dos maiores festivais do País, em São Paulo.

O reconhecimento ultrapassa os palcos, Brô MC’s lançou seu primeiro álbum de estúdio, Retomada, em parceria com DJ Alok, dentro da coleção Som Nativo do Instituto Alok.

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