As taxas de juro dos contratos de crédito à habitação voltaram a a cair em Julho, acumulando já 18 meses consecutivos de quedas, com o ritmo da descida a acelerar ligeiramente. O juro médio está agora abaixo de 3,4% no conjunto dos créditos, mas significativamente mais baixo quando se consideram apenas os novos empréstimos: nesse caso, a taxa está abaixo dos 3% e aproxima-se dos valores mais baixos em quase três anos.
Os dados foram divulgados, nesta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que a taxa de juro implícita (indicador que reflecte a relação entre os juros totais vencidos no mês de referência e o capital em dívida no início desse mês) no conjunto dos contratos de crédito à habitação voltou a diminuir em Julho, fixando-se em 3,385%, o que representa uma descida de 9,4 pontos base em relação ao mês anterior. Desde Fevereiro do ano passado que este indicador tem vindo a registar quedas todos os meses, de forma ininterrupta.
Já no que diz respeito aos contratos mais recentes, a queda foi menos acentuada, mas os valores aqui registados são significativamente mais baixos. Em Julho, a taxa de juro implícita dos contratos celebrados nos últimos três meses fixou-se em 2,897%, abaixo dos 2,951% que haviam sido registados em Junho e o valor mais baixo desde Dezembro de 2022.
Esta tendência é registada numa altura em que as taxas Euribor, às quais está associada a maioria dos contratos de crédito à habitação em Portugal, se mantiveram abaixo da fasquia dos 2%, apesar da incerteza que tem marcado os últimos meses e das ligeiras subidas que já se verificaram, em alguns prazos da Euribor, durante o mês de Julho.
Com esta nova descida das taxas, os juros passaram a ter um peso menos significativo sobre a prestação total a pagar pelas famílias, ainda que continuem a corresponder à maior fatia da prestação. Em Julho, considerando o conjunto dos empréstimos à habitação, a prestação média manteve-se inalterada em 394 euros (valor que já era registado em Junho). Deste montante, 192 euros diziam respeito a capital amortizado (um aumento de quatro euros em relação ao mês anterior) e 202 euros eram relativos aos juros (uma diminuição de quatro euros face a Junho).
A tendência nos novos contratos foi idêntica, embora menos acentuada. No mês em análise, a prestação média dos empréstimos contraídos nos últimos três meses foi de 635 euros, um crescimento de cinco euros em relação a Junho. Deste montante, 254 euros dizem respeito a capital amortizado (mais sete euros do que no mês anterior) e 382 euros são relativos a juros (uma queda mensal de um euro).
Já o capital médio em dívida aumentou em 593 euros e fixou-se em 72.270 euros para o conjunto dos contratos de crédito à habitação. No caso dos novos contratos, registou-se uma subida de 2203 euros, que levou o capital médio em dívida a ascender a 159.553 euros. Este é um movimento que acompanha o da subida dos preços das casas, que continuam a aumentar a ritmo acelerado este ano e que têm contribuído para o crescimento da concessão de crédito em Portugal.