Donald Trump, o Presidente dos Estados Unidos, confessou que está a esforçar-se para acabar com a guerra na Ucrânia para tentar “chegar ao céu” numa entrevista ao programa Fox & Friends da Fox News durante o qual descartou o envio de tropas norte-americanas para a Ucrânia, no âmbito das garantias de segurança de um futuro acordo de paz com Moscovo.
“Mas tenho ouvido dizer que não tenho feito um bom trabalho“, ressalvou ainda Trump, acrescentando que ouviu dizer que está “mesmo no fim da fila”.
Porém, para o Presidente dos EUA, se chegar ao céu, acabar com a guerra na Ucrânia será “uma das razões” para que isso aconteça.
Trump: “I want to try and get to heaven if possible. I hear I’m not doing well. I hear I’m really at the bottom of the totem pole.” pic.twitter.com/y1izqVGM84
— Aaron Rupar (@atrupar) August 19, 2025
Na mesma entrevista à Fox News, esta terça-feira citada pelas agências internacionais, Donald Trump concordou que as nações europeias assumam a liderança da iniciativa.
Trump disse que vários países europeus já mostraram disponibilidade para enviar militares para a Ucrânia, como tal “não será um problema” responder às garantias de segurança exigidas pelo homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Na entrevista, divulgada após contactos em Washington que envolveram, na segunda-feira, Trump, Zelensky, e uma delegação de vários líderes de países da UE, o governante deixou claro que os EUA não se vão envolver de forma alguma na mobilização de forças para solo ucraniano.
“Têm a minha garantia”, sublinhou, depois de questionado sobre como podia assegurar que não haveria quaisquer tropas norte-americanas no terreno.
Mas Trump acrescentou estar “pronto a ajudar“, nomeadamente através do envio de apoio aéreo, uma ideia que a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, assumiu mais tarde como sendo “uma opção e uma possibilidade”.
“Só estou a tentar evitar que pessoas sejam mortas“, insistiu o chefe de Estado norte-americano na entrevista.
Trump reiterou que “haverá algum tipo de segurança” para Kiev, “embora não no âmbito da NATO” e afirmou concordar com a presença de forças militares europeias no território ucraniano.
“Eles [os ucranianos] não vão fazer parte da NATO, mas temos as nações europeias, e elas vão estar na linha da frente. E algumas delas, França e Alemanha, também o Reino Unido, querem ter, como sabe, tropas no terreno. Não creio que isso vá ser um problema, para ser sincero. Creio que [Presidente russo, Vladimir] Putin está cansado desta situação. Creio que todos estão cansados”, prosseguiu.
O líder norte-americano já tinha descartado nos últimos dias uma possível integração da Ucrânia na NATO.
[Governo decide que é preciso invadir a embaixada para pôr fim ao sequestro. É chamada uma nova força de elite: o Grupo de Operações Especiais. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. Ouça no site do Observador o quinto episódio deste podcast plus narrado pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Também o pode escutar na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui e o quarto aqui]
Na segunda-feira, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, que também participou nas conversações em Washington, disse que os EUA iam estar envolvidos num esforço de cerca de 30 países para garantir a segurança da Ucrânia no quadro de um acordo de paz com a Rússia.
O responsável indicou, porém, que na reunião na Casa Branca não foi acordado o envio de tropas para o terreno, nem concretizado o papel dos Estados Unidos.
Quanto a uma potencial troca de territórios, Trump afirmou ainda à televisão que “a Ucrânia vai recuperar a sua vida” assim que o conflito terminar e também “muito terreno”, mas sem dar mais pormenores.
O chefe de Estado norte-americano chegou a admitir há poucos dias que Kiev teria de renunciar definitivamente à península da Crimeia, que foi anexada em 2014.
Um dos grandes objetivos estabelecidos por Trump é organizar uma nova cimeira com a presença de Zelensky e de Putin.
Os dois não precisam se tornar “nos melhores amigos”, mas vão ter de ceder em algumas das respetivas reivindicações, avisou.
O Presidente norte-americano defendeu a organização da reunião “o mais rápido possível” e garantiu ainda que um dos líderes europeus que esteve na Casa Branca na segunda-feira propôs dar “mais um ou dois meses” de prazo antes do encontro Zelensky-Putin, algo que classificou como contraproducente.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).