A Tesla poderá perder uma fonte de receita substancial, devido a uma medida de Donald Trump que pode mudar até o rumo do setor automóvel nos EUA.

Não foi assim há tanto tempo que a Tesla era sinónimo de aumentos de vendas contínuos e lucros, mas este ano as dificuldades têm sido mais que muitas, com quedas de vendas, receitas e lucros.

Só no segundo trimestre (abril a junho), o construtor norte-americano registou uma queda de 13% nas vendas e 16% nos lucros face ao período homólogo. Agora, a saúde financeira da Tesla pode estar perto de levar outro «murro no estômago» até ao final do ano.

A razão tem a ver com a aprovação da Big Beautiful Bill, proposta por Donald Trump, presidente dos EUA. Entre as muitas medidas aprovadas estão o fim dos incentivos à compra de elétricos (até 7500 dólares, aprox. 6450 euros) e o fim das multas por incumprimento das metas do CAFE.

Tesla Model 3© Tesla

CAFE? O que é isso?

Se a União Europeia tem metas de emissões, a indústria automóvel nos EUA tem médias de consumo para atingir. O CAFE (Corporate Average Fuel Economy) foi implementado em 1975, mas a partir da crise financeira global (2008) começou a acelerar rapidamente o nível de exigência aos construtores.

Em 2024 a média geral exigida à indústria era de 49,2 mpg, o mesmo que 4,78 litros. Para as contas entram também os elétricos (como acontece no cálculo das emissões da UE), mas há muitos fatores que complicam os cálculos: se é automóvel ou truck (inclui pick-up e alguns SUV), tamanho do veículo, etc.

Tal como acontece na União Europeia, também nos EUA em caso de incumprimento os construtores poderão incorrer em multas significativas.

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Comprar créditos para evitar multas

Para evitar estas penalizações, muitos construtores começaram a comprar “créditos regulatórios” a empresas que os tinham em excesso, como a Tesla, que só produz automóveis elétricos. O crescimento muito rápido da Tesla fez com que acumulasse uma quantidade substancial desses créditos tão valiosos para todos os outros construtores.

Resultado? Na última década, a Tesla terá angariado cerca de 11,8 mil milhões de dólares (aproximadamente 10 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual) com a venda destes créditos. As receitas têm aumentado de ano para ano desde 2014, atingindo em 2024 o valor máximo de 2,7 mil milhões de dólares (2,3 mil milhões de euros).

O impacto da venda de créditos nas contas da Tesla tem sido substancial. Alguns analistas, como Gordon Johnson, da GLJ Research, afirma que “os créditos regulatórios são a única razão pela qual a Tesla existe hoje em dia; sem eles, a marca perde dinheiro no seu negócio principal”.

Agora, com o fim anunciado das multas, esta fonte de receita «fácil» corre o risco de secar, uma vez que a necessidade de comprar créditos pelos construtores desaparece.

Analistas da William Blair & Co. prevêem que a perda desta fonte de receita terá um impacto direto na rentabilidade da empresa. A consultora estima uma redução de cerca de 75% na procura de créditos já em 2026, até desaparecer completamente em 2027.

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