Estudo em fase de desenvolvimento pode oferecer uma alternativa natural e sustentável aos fungicidas sintéticos
Pesquisa visa impedir a ação de fungos nos morangos
Uma pesquisa em desenvolvimento na Universidade de Caxias do Sul tem gerado resultados bastante promissores na busca de uma solução natural no combate à deterioração de morangos, uma das frutas mais perecíveis do mercado. O estudo avalia a eficácia de óleos essenciais na manutenção da qualidade da fruta por mais tempo após a colheita, combatendo os principais vilões da sua conservação: o mofo cinzento e a antracnose.
A investigação analisa os efeitos de cinco óleos essenciais: capim-limão, alecrim, citronela, melaleuca e ho-sho. Essas substâncias foram testadas tanto em laboratório (in vitro) quanto diretamente nos frutos (in vivo) para avaliar sua capacidade de inibir o crescimento dos fungos Botrytis cinerea (causador do mofo cinzento) e Colletotrichum acutatum (responsável pela antracnose). Os resultados mostraram que todos os óleos testados possuem propriedades fungicidas (com concentrações entre 0,05% e 0,20%) e são eficazes contra os patógenos. O óleo essencial de capim-limão se destacou, demonstrando não apenas o maior potencial antioxidante mas também o controle total do desenvolvimento de ambos os fungos na concentração de 0,05%. Suas propriedades contribuem ainda para a manutenção da qualidade dos morangos, preservando sua firmeza, o teor de sólidos solúveis e a acidez, fatores essenciais para o sabor da fruta.
O estudo envolve os pesquisadores Gabriel Pauletti (orientador), Márcia Pansera (doutoranda), Murilo Santos, Valdirene Sartori e Wendel Paulo Silvestre (professores colaboradores) e Iuri Longhi (estagiário), do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos e Tecnologias (PGEPROTEC) da UCS, e avança para as fases finais, porém ainda sem um prazo estimado. “Assim que o trabalho estiver concluído, rapidamente pode ser repassado a produtores, pois o processo de aplicação nos frutos é simples. A ideia é gerar uma patente”, observa o professor Gabriel Pauletti. Segundo ele, a descoberta pode abrir caminho para o desenvolvimento de novos métodos de conservação, oferecendo uma alternativa natural e sustentável aos fungicidas sintéticos. “A aplicação desses óleos essenciais pode não só reduzir as perdas pós-colheita, mas também melhorar a qualidade final do produto que chega à mesa do consumidor”, acrescenta.
Fotos: PPGPROTEC/Divulgação