Será difícil imaginar que o novo filme centrado na personagem mítica de Drácula — Drácula: Uma História de Amor, escrito e dirigido pelo francês Luc Besson (estreia esta quinta-feira, 21 de agosto) — venha a ocupar um lugar de destaque na longa filmografia dos vampiros. Seja como for, a sua simples existência reflete um fenómeno de popularidade que atravessa as modas das mais diversas épocas da história do cinema, incluindo o período mudo — Nosferatu (1922), de F. W. Murnau bastará como exemplo modelar.
Curiosamente, a primeira inspiração dos filmes do género — o romance Drácula, uma pérola do gótico literário, escrito pelo irlandês Bram Stoker — surgiu em paralelo com o nascimento do próprio cinema: o livro foi lançado em maio de 1897, cerca de um ano e meio depois da primeira projeção pública de filmes organizada pelos irmãos Lumière (no dia 28 de dezembro de 1895). Se quisermos explorar algum paralelismo simbólico, diremos, talvez, que a vida para além da morte do rei dos vampiros encontrou uma expressão cúmplice na vocação fundadora do cinema. A saber: uma arte capaz de conservar para a eternidade as ações dos seres humanos.