Promessas eleitorais de Trump de reduzir os custos de vida podem estar a voltar-se contra si: preços altos incomodam toda a gente, independentemente de quem está no poder.
A inflação foi um dos fatores que ditou a erosão do apoio a Joe Biden como presidente dos EUA, e pode em breve ditar o mesmo destino para Donald Trump.
Os sinais de desgaste começam a tornar-se visíveis à medida que os preços continuam a pesar no bolso dos norte-americanos.
De acordo com dados recentes citados pela Axios, 83% dos republicanos ainda aprovam a liderança de Trump, mas a perceção geral sobre a sua gestão económica está cada vez pior.
Quase metade da população — 48% — acredita que a inflação vai aumentar nos próximos seis meses, o valor mais elevado desde outubro de 2023. O pessimismo coincide com os primeiros efeitos da guerra comercial lançada pela administração Trump, que já se refletem em aumentos nos preços de bens essenciais e matérias-primas.
As sondagens mais recentes, divulgadas pela Strength in Numbers, apontam para um descontentamento crescente. Em julho, 61% dos norte-americanos admitiram desaprovar a forma como Trump está a lidar com a inflação, e mais de metade criticaram as suas políticas para o emprego e a economia. Os analistas alertam: preços altos incomodam toda a gente, independentemente de quem está no poder.
O National Review alerta que a inflação, que tem oscilado em torno dos 3% desde meados de 2023, mantém-se acima da meta de 2% e não mostra sinais de descida. As pressões de Trump sobre o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, para baixar as taxas de juro, poderão, segundo críticos, ter o efeito contrário e alimentar ainda mais a subida dos preços. Ao mesmo tempo, o aumento da despesa pública e a manutenção de tarifas comerciais também não ajudam a aliviar o problema.
As promessas eleitorais de Trump de reduzir os custos de vida podem estar a começar a voltar-se contra si. Tal como Biden percebeu, melhorias pontuais nos índices de inflação não são suficientes para mudar a perceção dos eleitores, que desejam um regresso aos níveis de preços anteriores à pandemia — algo que só uma recessão poderia proporcionar.
Um relatório recente da Moody’s Analytics citado pelo The Week prevê que as políticas de Trump abrandem o crescimento económico e agravem a inflação, embora sem provocar uma recessão plena. Já entre o eleitorado latino, tradicionalmente decisivo, cresce a insatisfação: um terço dos que votaram em Trump no ano passado admite não apoiar os republicanos nas intercalares de 2026, sobretudo devido ao peso persistente do custo das compras do dia a dia.