O Benfica saiu, esta quarta-feira, incólume do “inferno” de Istambul, onde o Fenerbahçe de José Mourinho não conseguiu desfazer o 0-0 num jogo em que podia ter marcado a diferença nos 20 minutos finais, depois da expulsão de Florentino. A primeira mão do play-off de acesso à fase de liga da Champions segue para a Luz, onde a equipa portuguesa tentará garantir os 47,9 milhões de euros de prémio de passagem.

Jogando com o facto de jogar na Luz a segunda mão, Bruno Lage apresentou uma equipa com maior peso no meio-campo, povoado por Aursnes, Richard Ríos, Florentino e Barrenechea.

Além de Florentino (pretendido em Itália e pela primeira vez titular esta época) – cuja missão passava também por pressionar a saída de Amrabat, surgindo frequentemente numa linha mais adiantada do que a trinco -, Lage reservou outra surpresa, concedendo a titularidade a outro protagonista do mercado de Verão.

O turco Aktürkoglu, alvo de negociações com o próprio Fenerbahçe, foi o eleito para apoiar de forma mais efectiva Pavlidis. Aursnes, uma das unidades com maior ambivalência no futebol benfiquista, dedicou-se, desta feita, menos a preencher a ala direita e mais a baixar para comportar-se como quinto defesa.

Além destes posicionamentos, Lage pediu a Richard Ríos que limitasse os movimentos de Fred e a Berrenechea uma vigilância a Szymanski, numa tentativa de anular os criativos e cortar as linhas de passe para os dois atacantes de José Mourinho.

Lançados os dados, o Benfica não poupou nas munições, com Richard Ríos a tentar a sorte num bom remate logo no segundo minuto de jogo, testando a concentração de Egribayat.

Nada que atemorizasse os turcos ou silenciasse o estádio, levando o Fenerbahçe a assumir o jogo e a marcar o ritmo, forçando a formação portuguesa a focar-se nas missões defensivas, o que fez sem grandes constrangimentos.

Sem soluções para penetrar na área do Benfica, a equipa de Mourinho acabaria por gradualmente ver esvaziar-se essa autoridade inicial, com as estatísticas relativas a ataques, remates e posse de bola a passarem para o lado dos “encarnados”.

Aktürkoglu mostra-se a Mourinho

Aktürkoglu, antigo jogador do Galatasaray e, por força da rivalidade, longe de ser um nome apreciado pelos adeptos do Fenerbahçe, voltou, de livre directo, em cima da meia hora de jogo, a testar Egribayat.

O radar de José Mourinho varria o relvado em busca dos espaços necessários para penetrar no 5x3x2 das “águias”, um convite aos cruzamentos de Nelson Semedo que em dois momentos encontraram a cabeça de Szymanski, mas apenas em jeito de aviso sem verdadeiro perigo.

Avisos que Trubin não descurou. Tanto que acabou por ser providencial nos cinco minutos finais da primeira parte, a travar um disparo frontal de Oosterwolde​ que levava o caminho das redes benfiquistas.

Sem golos, o jogo ia para intervalo instantes depois de José Mourinho ter recolhido aos balneários, num gesto de protesto após lance de área entre Otamendi e Durán, com o argentino a condicionar a acção do colombiano com o cotovelo, mas sem motivos para a intervenção do VAR.

Florentino anula efeito Ivanovic

Sem alterações substanciais na primeira metade da segunda parte, o Benfica sentiu que podia arriscar com Ivanovic para reforçar a presença na frente e aproveitar as subidas mais frequentes de Aursnes.

Um timing que a expulsão de Florentino (71′), por acumulação de amarelos em três minutos, traiu, levando a equipa para um jogo mais especulativo, anulando o efeito Ivanovic.

Com Talisca em campo e em superioridade, o Fenerbahçe mostrou as garras e Trubin revelou-se fundamental para segurar o nulo em vários momentos. Mas esteve muito perto de deitar tudo a perder num lance abordado de forma desastrosa – sacudiu um remate de Talisca para a trave e a bola acabou na baliza após recarga, salva pelo VAR por fora-de-jogo de En-Nesyri.

Foi a última oportunidade do Fenerbahçe para garantir uma vantagem para a deslocação à Luz, na próxima semana, numa reedição do embate da pré-temporada, para a Eusébio Cup.