Carla Madeira conquistou leitores por todo o Brasil com histórias intensas e personagens complexos. Mineira de Belo Horizonte, publicou o primeiro livro em 2014. Sete anos depois, o relançamento de Tudo é Rio virou fenômeno literário. Depois vieram Véspera (2021) e A Natureza da Mordida (2022). Convidada do próximo Metrópoles Talks, Madeira desafia o mercado editorial e alcança públicos de todas as idades.

Tudo é Rio, que figura entre as ficções mais lidas do país desde o relançamento, não apresenta uma trama simples. Venâncio, durante uma crise de raiva, comete um ato de violência que marca para sempre seu casamento com Dalva. A prostituta Lucy completa o triângulo amoroso, revelando camadas profundas da experiência humana.

A escritora admite que não consegue fugir da intensidade do homem. Essa abordagem é um dos motivos do sucesso de seus livros, que abordam relações e conflitos familiares com realismo.

“Tenho um desejo, se a situação é complexa, de trabalhar na sua complexidade e não tentar simplificar para para aliviar nem para mim, nem para ninguém”, diz.

Seguindo o propósito de colocar o leitor em dilemas extremos, Madeira revela ter uma obra em fase final de produção. “O livro está escrito, agora só falta ficar bem escrito”, brinca.

“Vem um livro dentro desse meu desejo de olhar para a existência humana e as situações absurdas que às vezes a vida coloca diante da gente. E a gente tem que lidar com elas”, completa. “Não tem nenhuma intenção de ser um manual de boas práticas. Não é um livro didático.”

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2 de 3Foto: Cristina Cortez
Jovens leitores

Apesar de não escrever com foco nos jovens, suas obras conquistaram leitores dessa faixa etária, o que alegra a autora. Dados do Observatório da Juventude na Ibero-América mostram que, em 2021, 67% dos jovens brasileiros entre 15 e 29 anos diziam gostar de leitura, mas liam em média dois livros por ano. Durante a pandemia, o relançamento de Tudo é Rio encontrou jovens organizados remotamente para compartilhar leituras e opiniões.

“Eu tenho uma linguagem muito muito objetiva, faço muita síntese e não me agarro em descrições, vamos colocar assim, que poderiam gerar um um certo afastamento. De um ritmo para essa turma que tá acostumada a coisas tão rápidas, né? Então, talvez eles não tenham dificuldade ou não tenham rejeição, porque essa é uma leitura que flui para eles, dentro da dinâmica deles”, pondera.

Obra e autor

Tudo é Rio impressiona pela descrição de cenas violentas e pela reflexão sobre perdão em situações extremas. Madeira nega que tenha vivido abusos como os descritos, mas reconhece a influência da trajetória pessoal na construção do enredo. “Imaginar é sempre revelar um pouco de si mesmo”, afirma.

Ela aponta a complexidade do pai como combustível para a obra. Ele era religioso e matemático transpassado pela dualidade da exatidão e do dogmatismo presente nas duas funções conflitantes.

“É sempre uma colagem de tudo que de alguma maneira nos afetou, ou ficou no nível consciente ou no inconsciente. Porque quando a gente escreve tem uma grande quantidade inconsciente”, descreve sobre o processo de escrita.

Carla Madeira
Metrópoles Talks

Carla Madeira será a próxima convidada do Metrópoles Talks, que acontece na próxima terça-feira (26/8), às 20h, no Ulysses Centro de Convenções. A conversa vai explorar conexões humanas presentes em seus livros.

“Vai ser uma oportunidade de conversar sobre literatura. Eu acho que toda vez que a gente para para conversar sobre literatura é maravilhoso. Eu acho que isso é uma uma ocasião da gente trabalhar essa dimensão da empatia, da imaginação, das questões que estão ali e que geram essa força que a literatura tem da gente pensar a existência humana”, declara.

O Metrópoles Talks é o braço de palestras do maior portal de notícias do Brasil, reunindo mentes brilhantes que compartilham ideias, experiências e visões inspiradoras.

Serviço

Data e horário: 26 de agosto, às 20h

Local: Auditório Planalto, no Ulysses Centro de Convenções, Brasília

Ingressos: Bilheteria Digital