ILPF Caatinga em Sobral (CE): sistemas com faixas de vegetação nativa e culturas forrageiras sustentaram 21 ovinos durante 90 dias de seca apenas com sal mineral e água. Nova fase da pesquisa: avaliações incluem terminação de cordeiros, desempenho de matrizes Santa Inês e mensuração de emissões de metano. Sistema Glória no Agreste (SE): integração de palma forrageira, gliricídia e sorgo eleva produtividade e qualidade nutricional da forragem.. Benefícios diretos: maior produção de proteína e energia para rebanhos, menor dependência de fertilizantes químicos e melhoria da fertilidade do solo. Estratégia de futuro: sistemas integrados aumentam resiliência das propriedades, conciliando viabilidade econômica, conservação da Caatinga e sustentabilidade produtiva. No Semiárido, diversificar não é luxo, é necessidade. A frase da pesquisadora da Embrapa Salete Alves de Moraes traduz a realidade de uma região onde a escassez de água e as altas temperaturas desafiam os modelos convencionais de produção. Para enfrentar esse cenário, a Embrapa desenvolve pesquisas com sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) adaptados às condições locais. Os resultados incluem ganhos de produtividade, mais eficiência no uso da terra e alternativas sustentáveis para pequenos e médios produtores. Diferentemente do Cerrado, onde o ILPF é adotado em áreas maiores e mecanizadas, no Semiárido predominam pequenas propriedades, muitas com menos de 70 hectares e em condições climáticas diferentes. “São espaços em que cada hectare precisa ser bem planejado”, explica Salete. A proposta é integrar o uso sustentável da vegetação nativa da Caatinga com espécies forrageiras adaptadas, como palma, guandu, sorgo, milheto, capins resistentes, e pastagens com a presença de componentes arbóreos como as leguminosas. O objetivo é combinar produtividade, conservação ambiental e resiliência frente às mudanças climáticas. Foto: Fernanda Birolo ILPF Caatinga: ovinos mais produtivos e menor emissão de gases Em Sobral (CE), a Embrapa Caprinos e Ovinos iniciou, em 2017, experimentos com faixas que intercalam Caatinga preservada e culturas forrageiras. Nos primeiros resultados, em uma área de seis hectares, a produção de 42 toneladas de forragens sustentou 21 ovinos por 90 dias de seca, apenas com água e sal mineral. Em nova fase, com áreas ampliadas, o foco é testar sistemas para terminação de cordeiros e manejo de matrizes, medindo desempenho animal e mitigação de metano. Segundo o pesquisador Fernando Henrique Albuquerque, o desafio é tornar o sistema economicamente viável e ambientalmente sustentável. “Precisamos aumentar a produção de forragem para permitir maiores lotações sem degradar a Caatinga”, afirma. Atualmente, a área experimental abriga 120 matrizes da raça Santa Inês. As pesquisas também avaliam eficiência alimentar e utilizam a técnica do gás traçador SF6 (hexafluoreto de enxofre). Nesse método, cápsulas ingeridas pelos animais permitem medir com precisão a emissão diária de metano. Além disso, estudos mostram que dietas que contêm alimentos provenientes desses sistemas integrados vem contribuindo para minimizar a emissão de metano entérico nessas regiões, principalmente na forma de suplementação dos animais na seca que é onde as emissões aumentam. Para o pesquisador Marcos Cláudio Rogério, a expectativa é que o ILPF Caatinga garanta ganho de peso adequado sem confinamento. ‘No futuro, poderemos recomendar suplementações mais específicas e baratas, ajustadas ao que o sistema já oferece’, destaca. Sistema Glória: leite com mais qualidade no Agreste Já no Agreste sergipano, onde predomina a bovinocultura de leite, a Embrapa Semiárido (PE) conduz o Sistema Glória de Produção de Leite, baseado na integração de palma forrageira, gliricídia e sorgo. O modelo está em avaliação no Campo Experimental de Nossa Senhora da Glória (SE) e em propriedades parceiras, em uma região reconhecida por sua expressiva bacia leiteira. “O diferencial está na diversidade temporal e espacial dos subsistemas. Há espécies adequadas para cada época do ano e para diferentes áreas da propriedade”, explica o pesquisador Rafael Dantas. A gliricídia, espécie multipropósito, desempenha papel central: além de alimentar rebanhos, fornece sombra, fixa nitrogênio e melhora a fertilidade do solo. Os resultados apontam elevada produtividade: 236,8 toneladas de massa verde por hectare/ano, com destaque para a palma (176 t/ha/ano). A combinação de espécies garante também qualidade nutricional superior, com 4,1 t/ha/ano de proteína bruta. “É um sistema que entrega alta produtividade, nutrição mais completa e menor dependência de fertilizantes químicos, com ganhos concretos para o solo”, resume Dantas. Diversificação como estratégia de futuro Na avaliação dos pesquisadores, os sistemas integrados adaptados ao Semiárido representam um caminho para intensificar a produção animal de forma sustentável. Seja na Caatinga, com ovinos e caprinos, ou no Agreste, com bovinocultura leiteira, a diversificação garante forragem, melhora o solo e reduz custos de suplementação e insumos. “Esses modelos não apenas mantêm a produção em condições adversas, mas fortalecem a resiliência das propriedades, conciliando produtividade e conservação ambiental”, conclui Salete.

Foto: Adilson Nóbrega

Adilson Nóbrega - Nova etapa de pesquisa tem como foco testar sistemas para terminação de cordeiros e manejo de matrizes, medindo o desempenho animal

Nova etapa de pesquisa tem como foco testar sistemas para terminação de cordeiros e manejo de matrizes, medindo o desempenho animal

No Semiárido, diversificar não é luxo, é necessidade. A frase da pesquisadora da Embrapa Salete Alves de Moraes traduz a realidade de uma região onde a escassez de água e as altas temperaturas desafiam os modelos convencionais de produção. Para enfrentar esse cenário, a Embrapa desenvolve pesquisas com sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) adaptados às condições locais. Os resultados incluem ganhos de produtividade, mais eficiência no uso da terra e alternativas sustentáveis para pequenos e médios produtores.

Diferentemente do Cerrado, onde o ILPF é adotado em áreas maiores e mecanizadas, no Semiárido predominam pequenas propriedades, muitas com menos de 70 hectares e em condições climáticas diferentes. “São espaços em que cada hectare precisa ser bem planejado”, explica Salete. A proposta é integrar o uso sustentável da vegetação nativa da Caatinga com espécies forrageiras adaptadas, como palma, guandu, sorgo, milheto, capins resistentes, e pastagens com a presença de componentes arbóreos como as leguminosas. O objetivo é combinar produtividade, conservação ambiental e resiliência frente às mudanças climáticas.

Foto: Fernanda Birolo

ILPF Caatinga: ovinos mais produtivos e menor emissão de gases

Em Sobral (CE), a Embrapa Caprinos e Ovinos iniciou, em 2017, experimentos com faixas que intercalam Caatinga preservada e culturas forrageiras. Nos primeiros resultados, em uma área de seis hectares, a produção de 42 toneladas de forragens sustentou 21 ovinos por 90 dias de seca, apenas com água e sal mineral.

Em nova fase, com áreas ampliadas, o foco é testar sistemas para terminação de cordeiros e manejo de matrizes, medindo desempenho animal e mitigação de metano. Segundo o pesquisador Fernando Henrique Albuquerque, o desafio é tornar o sistema economicamente viável e ambientalmente sustentável. “Precisamos aumentar a produção de forragem para permitir maiores lotações sem degradar a Caatinga”, afirma. Atualmente, a área experimental abriga 120 matrizes da raça Santa Inês.

As pesquisas também avaliam eficiência alimentar e utilizam a técnica do gás traçador SF6 (hexafluoreto de enxofre). Nesse método, cápsulas ingeridas pelos animais permitem medir com precisão a emissão diária de metano.

Além disso, estudos mostram que dietas que contêm alimentos provenientes desses sistemas integrados vem contribuindo para minimizar a emissão de metano entérico nessas regiões, principalmente na forma de suplementação dos animais na seca que é onde as emissões aumentam.

Para o pesquisador Marcos Cláudio Rogério, a expectativa é que o ILPF Caatinga garanta ganho de peso adequado sem confinamento. ‘No futuro, poderemos recomendar suplementações mais específicas e baratas, ajustadas ao que o sistema já oferece’, destaca.

 

Sistema Glória: leite com mais qualidade no Agreste


Já no Agreste sergipano, onde predomina a bovinocultura de leite, a Embrapa Semiárido (PE) conduz o Sistema Glória de Produção de Leite, baseado na integração de palma forrageira, gliricídia e sorgo. O modelo está em avaliação no Campo Experimental de Nossa Senhora da Glória (SE) e em propriedades parceiras, em uma região reconhecida por sua expressiva bacia leiteira.

“O diferencial está na diversidade temporal e espacial dos subsistemas. Há espécies adequadas para cada época do ano e para diferentes áreas da propriedade”, explica o pesquisador Rafael Dantas. A gliricídia, espécie multipropósito, desempenha papel central: além de alimentar rebanhos, fornece sombra, fixa nitrogênio e melhora a fertilidade do solo.

Os resultados apontam elevada produtividade: 236,8 toneladas de massa verde por hectare/ano, com destaque para a palma (176 t/ha/ano). A combinação de espécies garante também qualidade nutricional superior, com 4,1 t/ha/ano de proteína bruta. “É um sistema que entrega alta produtividade, nutrição mais completa e menor dependência de fertilizantes químicos, com ganhos concretos para o solo”, resume Dantas.

 

Diversificação como estratégia de futuro

Na avaliação dos pesquisadores, os sistemas integrados adaptados ao Semiárido representam um caminho para intensificar a produção animal de forma sustentável. Seja na Caatinga, com ovinos e caprinos, ou no Agreste, com bovinocultura leiteira, a diversificação garante forragem, melhora o solo e reduz custos de suplementação e insumos.

“Esses modelos não apenas mantêm a produção em condições adversas, mas fortalecem a resiliência das propriedades, conciliando produtividade e conservação ambiental”, conclui Salete.

Clarice Rocha (MTb 4.733/PE)
Embrapa Semiárido

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Adilson Nóbrega (MTb 01.269/CE JP)
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