A fotógrafa Maria José Palla, 81 anos, morreu este sábado em Lisboa, confirmou à Lusa fonte da família.
Maria José Palla, que foi professora na Universidade Nova, morreu quatro dias antes de completar 82 anos – nasceu a 31 de Julho de 1943. Viveu em Paris, onde esteve exilada, e doutorou-se na Universidade da Sorbonne, com uma tese sobre a simbólica do trajo na obra de Gil Vicente, considerado o fundador do teatro português.
Diplomada em História de Arte, pela École du Louvre, em Paris, é autora de vários livros e artigos sobre Gil Vicente, o teatro do século XVI e a pintura portuguesa do Renascimento, dedicou-se depois à fotografia, tendo realizado várias exposições em Portugal e no estrangeiro. Entre as últimas exposições contam-se Maria José Palla: O Auto-retrato como Natureza-morta – Uma Retrospectiva, que esteve em 2024 no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora.
Dois anos antes, a galeria Appleton, em Lisboa, dedicou-lhe uma retrospectiva, Arquivo. A exposição reuniu uma série de auto-retratos feitos por Maria José Palla em Paris, entre 1996 e 2005, alguns inéditos. “Fiz uns 400 auto-retratos em oito anos para tornar evidente o meu envelhecimento”, escrevia então a fotógrafa na folha de sala da Appleton. “Talvez eu faça auto-retratos por ter respeito pelo retrato dos outros (que também fiz). Representam uma experiência pessoal, que executo completamente só depois de um tempo de preparação mental. Na abordagem que executo com a máquina Polaroid não enceno o corpo, não calculo a pose, nem a maquilhagem, nem a distância. (…) A imagem de um rosto é sempre forte. Sempre desejei fotografar rostos. Assim do rosto dos outros passei ao meu próprio rosto. Estava à mão”, por ainda ler-se no texto que acompanhou Maria José Palla – Arquivo em 2022.
Ainda em 2022, a Biblioteca Camões, em Lisboa, mostrou Maria José Palla – Retratos de Poetas, um conjunto de retratos feitos entre Julho de 1997 e Julho de 1998.
Na capital francesa estudou fotografia e cinema com o cineasta Jean Rouch (1917-2004).