De acordo com as autoridades, a missiva “de 33 páginas” estava guardada no telemóvel de Bolsonaro desde fevereiro de 2024, dois dias depois de o seu passaporte ter sido confiscado.
Os elementos encontrados indicam que Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliária, “tinha em seu poder um documento que possibilitaria a sua fuga do Brasil para a República Argentina, especialmente após o início da investigação”, acrescentam.
A informação foi divulgada no relatório final da polícia brasileira onde o ex-presidente e o seu filho Eduardo são indiciados “pelos crimes de coação” no processo de tentativa de golpe de Estado. Um funcionário do Governo argentino assegurou à agência Reuters que o gabinete de Javier Milei não recebeu a carta.
Agora, numa ordem do tribunal, o juiz Alexandre de Moraes deu aos advogados de Jair Bolsonaro 48 horas para clarificarem o alegado plano de fuga do ex-presidente.
Esta quinta-feira, os advogados disseram estar surpreendidos com as mais recentes acusações da polícia federal e asseguraram que o ex-presidente “nunca deixou de cumprir as ordens de restrição impostas anteriormente”.
No ano passado, o New York Times divulgou uma gravação de uma câmara de videovigilância que demonstrava que Bolsonaro tinha passado duas noites na embaixada da Hungria em Brasília. Já na altura Moraes tentou concluir se o antigo líder brasileiro estava a procurar asilo, mas acabou por encerrar a investigação por falta de provas.Bolsonaro pediu conselhos a advogado ligado a Trump
Além da carta, a polícia também encontrou um áudio de Bolsonaro a pedir a Martin de Luca, advogado da empresa de tecnologia Trump Media & Technology Group, do presidente norte-americano, para rever uma publicação nas redes sociais onde lançava elogios a Donald Trump.
“O áudio atribuído a Jair Bolsonaro demonstra que o ex-presidente age de forma subordinada aos interesses de agentes estrangeiros”, refere o relatório da polícia.
Jair Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar este mês, depois de o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes ter considerado que o ex-presidente não cumpriu as ordens de restrição que lhe foram impostas ao alegadamente pedir a Trump que interferisse no seu caso.
O filho Eduardo Bolsonaro, congressista brasileiro que se mudou para os Estados Unidos, veio já afirmar que o seu trabalho nesse país nunca teve como objetivo interferir em qualquer processo legal em curso no Brasil.
Donald Trump tem vindo a referir-se ao julgamento de Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e esse foi um dos motivos que o levou a impor uma tarifa adicional de 50 por cento às importações brasileiras, assim como sanções a vários juízes do Supremo Tribunal Federal.
c/ agências