A China prepara-se para apresentar um vasto conjunto de armamento de última geração durante o desfile militar marcado para 3 de setembro, em Pequim, numa cerimónia que assinala os 80 anos da rendição do Japão e o fim oficial da Segunda Guerra Mundial no Pacífico.
O evento, conhecido como “V-Day”, ou “Dia da Vitória“, será presidido pelo presidente Xi Jinping e terá a duração de cerca de 70 minutos. De acordo com o major-general Wu Zeke, membro da Comissão Militar Central e um dos principais organizadores do desfile, será “a mais abrangente” exibição pública de armamento chinês desde 2019.
Exibição de novas armas nunca antes vistas
Em conferência de imprensa em Pequim, Wu destacou que todo o material em exibição é desenvolvido na China e faz parte de sistemas de “quarta geração”, incluindo aviões de combate embarcados, carros de combate principais e outras plataformas de primeira linha. O responsável acrescentou que o desfile irá também mostrar novas capacidades não tripuladas e “inteligentes”, com destaque para ferramentas de ciber e guerra eletrónica, sistemas de bloqueio de comunicações e drones de combate.
Entre os destaques estará igualmente a apresentação de mísseis hipersónicos, capazes de voar a pelo menos cinco vezes a velocidade do som e de executar manobras evasivas para escapar a sistemas de defesa antimíssil. As forças de defesa aérea e antimíssil, bem como as forças estratégicas de mísseis, terão uma presença reforçada na parada.
Imagens que circularam esta semana nas redes sociais chinesas, provenientes de ensaios do desfile, parecem mostrar novos modelos de mísseis — tanto supersónicos como hipersónicos — e ainda veículos submarinos não tripulados com cerca de 18 metros de comprimento, sugerindo que os segmentos marítimo e de ataque de longo alcance terão papel de relevo.
O desfile contará com dezenas de milhares de militares, centenas de aeronaves e de veículos terrestres. Xu Guizhong, alto responsável do Comando do Teatro Central do Exército de Libertação Popular, explicou aos jornalistas que a operação exige uma coordenação total: “A parada militar utiliza dezenas de milhares de pessoas, centenas de aeronaves e centenas de equipamentos terrestres, e é necessário alcançar uniformidade, coordenação precisa e medir em metros e segundos, tal como organizar uma batalha.”
O presidente Xi Jinping estabeleceu 2035 como a meta para completar a modernização das forças armadas chinesas. O rápido avanço da China em termos militares tem levantado preocupações em Washington, sobretudo no que respeita a um eventual conflito em torno de Taiwan.
Em junho, perante o Congresso norte-americano, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea dos Estados Unidos, general David Allvin, alertou: “A República Popular da China está a modernizar rapidamente o seu exército com a clara intenção de remodelar a ordem internacional — incluindo uma expansão nuclear que integra capacidades de dissuasão sem paralelo.”