Ucrânia, incêndios, o Grande Prémio de Fórmula 1 do Algarve marcaram a 5.ª Coluna desta semana, na TVI (do mesmo

Miguel Sousa Tavares ouviu a comunicação ao país do primeiro-ministro e resume-a assim: “Montenegro não justificou nada”, disse o comentador na rubrica 5.ª Coluna, no Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal). Miguel Sousa Tavares considera que o que ouviu “podia ter sido dito no ano passado e seria igual”.

“Montenegro fez demasiados erros”, sendo que o pináculo foi mesmo o episódio da festa do PSD no Pontal – “uma coisa decisiva e que vai ficar a marcar este Governo para sempre”. Depois – e assente na narrativa do próprio Montenegro de que os incêndios em Portugal são semelhantes a uma guerra -, Miguel Sousa Tavares lembra a História: “O Churchill não estava na frente de batalha durante a Segunda Guerra Mundial, mas estava todos os dias no quartel-general das operações. Eu não defendo que os governantes estejam na linha da frente do combate ao incêndio, mas se isto é uma guerra – como ele diz que é –, eles têm de estar no comando estratégico”. Dito isto: “O primeiro-ministro devia lá estar”.

Miguel Sousa Tavares destaca ainda outro ponto: “Vi duas casas completamente rodeadas por eucaliptos: como é que as pessoas acham que vão escapar se houver um incêndio?”. O comentador alerta que é imperativo reordenamento florestal do país. “Com aquele mar de eucaliptos não se ouve cantar um pássaro, não se houve um ribeiro, não se vê uma borboleta, não se vê uma lagartixa, portanto aquilo já está morto. Se ardeu, para mim não faz diferença nenhuma porque aquilo já estava morto”, diz. “Enquanto não nos livrarmos desta praga desta árvore mortal e fatal que tomou conta de Portugal nas últimas décadas, nós não vamos deixar de ter incêndios. Para o ano, se tivermos a mesma onda de calor, vai ser exatamente igual.”

Por fim, há a questão dos meios aéreos. Montenegro foi lento a pedir ajuda, considera Miguel Sousa Tavares: “Devia ter chamado os aviões estrangeiros”. Contudo, o problema maior nem é esse para o comentador: “Portugal prepara-se para comprar uma esquadrilha inteira de F-35 – que custam entre 100 milhões e 120 milhões de euros cada – e não tem uma frota de aviões para combater incêndios”.

F1 no Algarve: “Ele está a brincar connosco?”

Miguel Sousa Tavares vive no Algarve e garante que se há algo que o Algarve não tem, sobretudo nos meses quentes, é falta de gente. “No outro dia estive num restaurante com a família, éramos sete ou oito, esperámos uma hora e um quarto.” Dito isto, surge a questão: “Quando Montenegro diz que a F1 é essencial para promover o Algarve, ele está a brincar connosco?”

“O que promove o Algarve, e mal, são estes incêndios. Depois: não haver lugar para estacionar nas praias, não haver serviços de saúde, não haver infraestruturas, às vezes faltar a água… Este é o Algarve que não vale a pena promover. Nós não precisamos de mais gente no Algarve e lá vai ele gastar 30 milhões ou 40 milhões a promover a F1 no Algarve, que é o mesmo que vai gastar a indemnizar as pessoas que tiveram danos nos incêndios.”

Não há garantias de segurança sem forças estrangeiras na Ucrânia

Miguel Sousa Tavares tem estado atento ao que se tem passado nas últimas semanas entre Putin, Trump, Zelensky e os aliados europeus e conclui assim: “Com certeza que houve uma evolução. Nos últimos três anos não havia nada e, graças a Trump, as duas partes estão a preparar-se para falar. Isso foi um grande avanço, porque até aqui na guerra da Ucrânia a posição oficial foi ‘não há discussões de paz, não há nada, continua a guerra eternamente’”, afirma Miguel Sousa Tavares.

“Durante muito tempo era Zelensky, empurrado pela UE, que não queria discutir a paz. Agora é Putin que está por cima e não quer discutir a paz a não ser nas condições dele,”

Miguel Sousa Tavares tem uma certeza: “Sem forças estrangeiras não há forma de haver qualquer garantia de segurança”. Diz que a História comprova isso mesmo ao “estar cheia de cedências de territórios injustas e injustificadas determinadas pela relação das forças no terreno de batalha”. “Quando há uma guerra, é difícil que ambas as partes ganhem.”

 

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