Uma “besta”, um “vulcão”, um incêndio de dimensões tão grandes que faz esta pequena localidade parecer “o Vietname” durante a guerra. É em termos tão fortes como estes que é descrito, pelos bombeiros e pela imprensa espanhola, o fogo que lavra em Hervás — aldeia em Cáceres, Espanha, que alberga 3900 habitantes — e que foi dado por controlado esta quinta-feira, uma semana depois de ter começado a aterrorizar a população.

O balanço impressiona: numa semana, o fogo consumiu 16 mil hectares e um “inimaginável”, palavras do El Mundo, perímetro de 160 quilómetros. Foi também o jornal que relatou aqui o estado da aldeia, com helicópteros e aviões a sobrevoarem constantemente aquela zona para levar água da barragem de Baños de Montemayor, lutando para finalmente controlar o fogo. A apenas dois quilómetros, encontrava-se a aldeia e as casas habitadas pela população — segundo o El País, algumas casas tiveram mesmo de ser evacuadas.

Em Hervás explicam-se os fatores que levaram a um incêndio de tão grandes dimensões, e tão difícil de controlar: a seca é extrema, a vegetação naqueles montes funciona como “um monte de combustível”, o vento é apontado como o culpado pela propagação rápida do fogo. Segundo a explicação de um bombeiro que fazia uma pausa para descansar e falou ao El Mundo, o fogo tem subido a montanha durante o dia, com o vento a viajar nessa direção, mas percorrido o mesmo caminho em sentido inverso durante a noite — “perdendo-se” o progresso do dia.

E à noite, como é habitual no combate aos incêndios, a falta de visibilidade não permite que os meios aéreos trabalhem — contribuindo para uma nova fase de descontrolo do fogo. Resultado? Segundo fonte da Proteção Civil, chamas de 40 metros de altura — “metade da água dos bombeiros evapora-se sem chegar a tocar no fogo”. O vento permitiu que o fogo chegasse mesmo a galgar quatro faixas de estrada, a A-66, tornando o combate ainda mais complicado.

Esta quinta-feira, o primeiro de alívio, com a “besta” a ser dada por controlada: como conta o El País, a presidente da Junta da Extremadura, María Guardiola, confirmou que com a temperatura mais baixa a situação é agora mais positiva e que só faltam dois quilómetros para se poder dar por totalmente dominado. “Até há dois dias estávamos a defender-nos do fogo e desde então passámos a atacá-lo”.

Mas todo o cuidado é pouco: os reacendimentos são um risco e em Hervás a atenção está agora virada para eles.

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