O Telescópio Espacial James Webb (JWST) detetou uma lua a orbitar Urano que nunca tinha sido observada até então, elevando a contagem de satélites naturais do planeta para 29.


A lua, por enquanto, foi apelidada de S/2025 U1.


S/2025 U1, a 29ª lua de Urano



Com dez quilómetros de diâmetro, passou despercebida à sonda Voyager 2 quando fez o reconhecimento do planeta gelado, em 1986.


Com o reduzido tamanho a lua continuou indetetável a outros telescópios, acabando por se revelar ao poderoso JWST, da NASA.


A S/2025 U1 não resistiu à Câmara de Infravermelho Próximo do Telescópio Espacial James Webb. O equipamento da NASA detetou brilhos de luz solar numa série de dez imagens captadas de Urano por via da técnica de exposição de longa duração de 40 minutos.


Foi assim que a equipa liderada por cientistas do Southwest Research Institute (SwRI) com sede em Boulder,no Colorado, conseguiu uma observação da presença da lua ainda desconhecida.

“Este objeto foi visto numa série de dez imagens de longa exposição de 40 minutos capturadas pela Câmara de Infravermelho Próximo (NIRCam)”, explicou Maryame El Moutamid, cientista-chefe da Divisão de Ciência e Exploração do Sistema Solar do SwRI.“É uma pequena lua, mas uma descoberta
significativa, que é algo que até mesmo a sonda Voyager 2 da NASA não
viu durante seu sobrevoo há quase 40 anos”, acentuou Moutamid.

A 29ª lua de Urano estava escondida dentro dos anéis internos escuros do planeta.



Localização da órbita da lua recém-descoberta S/2025 U1. Na imagem estão também identificadas outras 13 luas já conhecidas que orbitam o planeta | NASA


“Nenhum outro planeta tem tantas pequenas luas internas quanto Urano e as complexas inter-relações com os anéis sugerem uma história caótica que obscurece a fronteira entre um sistema de anéis e um sistema de luas”, sustentou Matthew Tiscareno, investigador do Instituto SETI em Mountain View, Califórnia, e membro da equipa da descoberta. 


“Além disso, a lua nova é menor e muito mais fraca do que a menor das luas internas anteriormente conhecidas, tornando provável que exista ainda mais complexidade por descobrir”, acrescentou.


O astro S/2025 U1 está localizado “a cerca de 56 mil quilómetros do centro de Urano. Em comparação, a lua da Terra orbita uma média de 384.400 km do nosso planeta”, explicou a equipa.

A lua recém-descoberta de Urano “descreve uma órbita circular, o que pode indiciar que se terá formado na posição atual”. A S/2025 U1A segue ao lado de uma série de pequenos satélites que se encontram dentro da órbita das maiores luas de Urano – Miranda, Ariel, Umbriel, Oberon e Titânia.

Até agora, 27 das 29 luas de Urano têm recebido nomes de personagens das obras de Shakespeare. Assim, S/2025 UI provavelmente receberá no futuro um nome oficial da União Astronómica Internacional (UAI).


Os anéis de Urano

Visto pela primeira vez em 1781 pelo astrónomo germano-britânico Frederick William Herschel, Urano é o sétimo planeta do nosso sistema solar e orbita o Sol a uma distância de 2,9 mil milhões de quilómetros, quase 20 vezes mais longe do que a Terra. 

Urano tem 13 anéis, que são divididos num sistema interno e um par de anéis externos. 


Uma imagem dos anéis de Urano tirada pela Voyager 2 em 1986, poucas horas depois da maior aproximação do planeta, quando estava a 236 mil quilómetros de distância | NASA/JPL


Ao contrário dos sistemas de anéis de Júpiter e Saturno, os anéis de Urano são constituidos por material escuro e são mais difíceis de observar. As 14 luas internas do planeta orbitam entre os fracos anéis internos e algumas dessas luas ajudam a manter alguns dos anéis do planeta coesos.




Esta descoberta sugere que muito mais permanece escondido em torno de Urano, dizem os astrónomos que detetaram a lua.


“Olhando para o futuro, a descoberta desta lua ressalta como a astronomia moderna continua a se basear no legado de missões como a Voyager 2, que passou por Urano em janeiro. 24, 1986, e permitiu à humanidade dar o primeiro vislumbre de perto sobre este mundo misterioso
“, sublinhou  Moutamid.

Agora, “quase quatro décadas depois, o Telescópio Espacial James Webb continua a colocar essa fronteira ainda mais longe”, rematam os investigadores.