O Observatório mostra que Portugal contribuiu para o aumento da desinformação sobre imigração em julho, tendo destacado a narrativa falsa de que os imigrantes têm prioridade na matrícula escolar em relação aos portugueses.

“Entretanto, narrativas anti-imigração também contribuíram para esta onda de desinformação. (…) várias notícias falsas contribuíram para a narrativa infundada de que o Estado cuida mais dos imigrantes do que dos seus próprios cidadãos. Em Portugal, uma história falsa alega que os imigrantes têm prioridade na matrícula escolar em relação aos portugueses”, lê-se no documento.


O relatório refere-se assim às declarações do líder do Chega, que afirmou e reafirmou a falsa narrativa: que filhos de imigrantes têm prioridade nas vagas das escolas portuguesas. 


Primeiro, André Ventura escreveu no Instagram: “Os filhos de estrangeiros e desempregados estão a ter prioridade em colocar os seus filhos nas creches e nas escolas em Portugal.”

No mesmo dia 9 de julho reafirmou a narrativa de desinformação numa entrevista na CNN Portugal. Uma verificação das regras descritas no Despacho Normativo n.º 10-B/2021 revela que as afirmações do líder do Chega são falsas.


Perante esta e outras situações em vários países da Europa, o Observatório alerta que o tema «imigração» bateu um recorde desde que realiza a monitorização (em outubro de 2023) e atingiu 11 por cento.

Durante o mês de julho, foram analisados 1.433 artigos pelas 33 organizações que constituem a rede de verificação de factos.
“O tema mais visado pela desinformação no mês de
julho foi a imigração, que aumentou 5% em comparação com junho” pode
ler-se no relatório divulgado esta sexta-feira.

 Dessa análise foi possível perceber que “164 (11%) focaram-se em desinformação relacionada com a imigração e 119 (8%) em desinformação relacionada com alterações climáticas”.

Também houve desinformação sobre a guerra na Ucrânia em seis por cento dos artigos (em concreto 84 artigos). Sobre a União Europeia 69 (5%), 59 artigos (4%) com desinformação “relacionada com o conflito entre Israel e Hamas”, 50 (3%) sobre questões LGBT+ e de género e 41 (3%) com desinformação sobre a covid-19.

Em julho, a percentagem de notícias falsas que utilizam conteúdo gerado por Inteligência Artificial (IA) manteve-se estável, correspondendo a 10% (152) do total.