Depois dos protestos contra o turismo em massa em Veneza, é a vez de Toledo, em Espanha, avançar com medidas para controlar o fluxo de visitantes. A cidade castelhana aprovou novas regras para limitar o tamanho dos grupos turísticos e impor restrições às free tours, as visitas guiadas gratuitas pagas apenas com gorjetas.

A proposta, apresentada pela coligação entre o Partido Popular (PP) e o Vox, pretende equilibrar o turismo com a qualidade de vida dos residentes. “Muitas vezes, nem conseguimos passar na rua. Os turistas pensam que isto é um museu e que aqui não vive ninguém”, afirmou um morador ao jornal “El País.”

Entre as novas medidas, destaca-se a proibição do uso de megafones (frequente nos free tours) depois das 23 horas, para garantir o descanso dos habitantes. Os grupos podem ter até 50 participantes, mas apenas com autorização do Departamento de Mobilidade.

Os guias serão ainda obrigados a utilizar sistemas de áudio individuais em grupos com mais de 30 pessoas, com exceção dos escolares.

Outra regra curiosa prende-se com a proibição dos chapéus de chuva coloridos, usados habitualmente para identificar guias. “As famílias e amigos que participam nestas visitas comem, compram e dormem na cidade. Não somos o problema”, defendeu Silvia Pérez Verde, porta-voz dos guias free tour de Toledo.

Atualmente, existem cerca de 40 guias na cidade, responsáveis por cerca de 10 por cento das visitas turísticas. A maioria encontra-se na Praça de Zocodover, no centro histórico.

Já os moradores consideram que o verdadeiro problema está nas excursões em massa, compostas por dezenas de autocarros que passam apenas algumas horas em Toledo antes de seguirem viagem para outras cidades. “Esses grupos não consomem nada e só ocupam espaço”, lamentou Mamen Navarro, que gere uma loja de roupa masculina há 40 anos.

Quem não cumprir as novas regras poderá enfrentar coimas até três mil euros.