De acordo com o jornal francês “Le Parisien”, o antigo avançado do Marselha Pierre-Emerick Aubameyang e o avançado do Paris Saint-Germain, Bradley Barcola, apareceram em vídeos durante uma polémica transmissão em direto que precedeu a morte do streamer de 46 anos na sua casa perto de Nice.
Os atletas apareceram na transmissão a partir da 270.ª hora de transmissão, segundo os jornal “Libération” e “L’Équipe”. Nos vídeos, Aubameyang incentiva os streamers a “ligarem os seus cérebros para terminar o jogo”, ou seja, atingir a marca de 40 mil euros em donativos, objetivo da “maratona” de transmissões ao vivo na plataforma Kick. Poucos segundos depois, um vídeo de Bradley Barcola também é transmitido. “Muita força para o desafio, estamos todos com vocês, sabemos que vocês conseguem”, diz o jogador.
As aparições dos jogadores na transmissão geraram um intenso escrutínio, principalmente após o surgimento de alegações de que Graven teria sofrido maus-tratos severos durante desafios online.
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Barcola, do PSG, refutou veementemente as sugestões de envolvimento nos acontecimentos, com os seus representantes a esclarecerem que as imagens que o mostram foram filmadas no início de agosto. “Bradley não estava presente em direto naquela noite”, afirmou a equipa, enfatizando que a filmagem teria sido transmitida sem o seu consentimento durante a polémica transmissão.
Por sua vez, Aubameyang manteve-se em silêncio sobre o assunto.
A autópsia de Graven, divulgada na quinta-feira, afastou a hipótese de crime, de acordo com o procurador de Nice, Damien Martinelli. Não havia sinais de lesões traumáticas, internas ou externas, tendo os médicos legistas encontrado apenas ligeiros hematomas e lesões previamente cicatrizadas. “As prováveis causas da morte parecem ser médicas e/ou toxicológicas”, afirmou Martinelli, que solicitou exames adicionais para determinar a causa exata. O procurador revelou ainda que Graven poderá ter tido problemas cardíacos e fazia tratamentos para problemas de tiroide.
Estas descobertas contradizem as alegações anteriores que circularam nos meios de comunicação franceses, que sugeriam que o streamer tinha morrido após “dez dias de tortura” envolvendo privação de sono e consumo de substâncias nocivas.
O escândalo do streaming expôs o lado negro dos “streams de humilhação”, onde os criadores alegadamente sofrem abusos extremos em troca de donativos dos espectadores. Os relatos indicam que Graven levava estaladas e sofria estrangulamentos e alimentação forçada durante transmissões apresentadas pelos influenciadores Owen Cenazandotti e Safine Hamadi.
A polémica transmissão terá gerado mais de 31 mil libras (35,8 mil euros) em doações de espectadores que incentivaram os maus-tratos.
A Kick, plataforma que aloja estas transmissões, anunciou a proibição imediata de todos os participantes, aguardando os resultados das investigações. O serviço de streaming prometeu uma reavaliação abrangente do conteúdo em francês.
A ministra francesa dos Assuntos Digitais, Clara Chappaz, denunciou os acontecimentos como um “horror absoluto”, exigindo que as plataformas reforcem a proteção dos criadores vulneráveis.