Definição científica, em primeiro lugar

A saber. A dopamina é um mensageiro químico, isto é, um neurotransmissor, que atua no sistema nervoso central dos mamíferos, incluindo nos seres humanos. Esse neurotransmissor está relacionado com diferentes funções, entre as quais a regulação de emoções. Aqui tens o que diz a ciência sobre tal substância.

Aquela sensação de recompensa

Há uma explicação química que a tecnologia sabe bem como explorar. A utilização do telemóvel, sobretudo quando andas pelas redes sociais, está pensada para provocar uma sensação de prazer e de bem-estar ao gerar, precisamente no teu cérebro, uma sensação de recompensa quando ouves notificações a cair e vês likes a aumentar. É uma sensação rápida. A dopamina, esse tal neurotransmissor, entra em ação e sentes-te contente, alegre e motivado, com o que acontece dentro do teu telemóvel. Tal como acontece a quem fuma um cigarro ou não consegue deixar de jogar. É igual. A ciência explica, acontece tudo na tua cabeça.

Mensagens entre neurónios

A dopamina, voltemos a essa tal substância, é, muitas vezes, referida como a hormona da felicidade. Não é uma hormona, mas a ideia está lá. A dopamina é uma substância química produzida no cérebro e que transmite mensagens entre os neurónios. Está intimamente ligada ao sistema de recompensa do cérebro, é libertada em resposta a atividades que dão prazer. Como tal, queres repetir o que te satisfaz, o que te faz sorrir, o que te traz felicidade.

Aquele vício

O telemóvel é para aqui chamado, claro. Sempre que o usas e sentes prazer ao fazê-lo é porque a dopamina está a funcionar. O problema é quando se procura constantemente aquela sensação de recompensa e de prazer, com os dedos no telemóvel e olhos no pequeno ecrã, e isso se torna um vício, um excesso, uma dependência. Com todos os problemas associados.

Atenção e foco

A dopamina, convém saberes, também influencia a atenção, o foco e a memória. Por isso, de certa maneira, interfere na aprendizagem. E, como sabes, há estudos que indicam que o uso excessivo do telemóvel afeta a plasticidade mental e dificulta a concentração em atividades que exigem disponibilidade, tempo e esforço, o que não é nada bom para a escola. Quando o cérebro se habitua a estímulos rápidos, pode ser complicado concentrar-se em tarefas que pedem mais atenção e mais trabalho.

Dopamina sempre ativa no cérebro quando se utiliza o telemóvel pode, portanto, conduzir à dependência digital, afetar o bem-estar mental, diminuir as interações sociais. Nada bom. Como se sabe, os mais novos, crianças e adolescentes, são especialmente suscetíveis a essa dependência, que, segundo os investigadores da área, pode levar ao que chamam “autismo digital”, ou seja, viver apenas no mundo do que acontece dentro do telemóvel, além da sua função básica de fazer chamadas.

Desliga-te (nem que seja por várias horas)

• Primeiro, ter noção de que não é saudável passar muito tempo agarrado ao telemóvel.

• Disciplina, disciplina, disciplina.

• Criar objetivos, meia hora por dia nas redes sociais, não mais.

• Detox digital, um dia por semana sem redes sociais.

• A hora das refeições é sagrada, nem mãos nem olhos no telemóvel.

• Não dormir com o telemóvel no quarto.

• Eliminar algumas aplicações que consomem muito tempo e não acrescentam grande coisa.

• Criar bloqueadores de ecrãs, se for necessário.

• Configurar para não enviar notificações sonoras.

• Uso regrado e equilibrado em tempos de escola (telefonemas para os pais e pouco mais).

• Mais vida ao ar livre, hora para exercício físico, tempo de lazer com amigos ou família (também aqui a dopamina faz o seu trabalho com aquela sensação de felicidade que sabe tão bem e longe de dependências ou excessos).

• A vida offline é muito boa e recomenda-se.