A maioria dos finlandeses ouvidos numa sondagem publicada este sábado pelo jornal Iltalehti mostrou-se a favor da ideia de apoiar as garantias de segurança dadas à Ucrânia num cenário de fim de guerra, incluindo o envio de soldados finlandeses.
São “resultados surpreendentes”, escreve o tablóide em título: a maioria dos finlandeses inquiridos (67%) é a favor da ideia de ajudar a Ucrânia no pós-guerra, com apenas 10% contra. Os restantes 23% mostraram-se indecisos.
Na sondagem, os inquiridos foram instados a escolher, de entre uma lista de quatro opções, todos os tipos de garantias que se dispõem a dar. E, novamente, a maioria (68%) mostrou-se a favor de enviar soldados finlandeses para a Ucrânia – com a salvaguarda de que seria apenas para funções de aconselhamento militar, longe dos combates.
Quanto às outras opções, 63% mostrou-se a favor do envio de armas e 60% apoia outro tipo de ajudas materiais que não envolvam armamento. Já uma minoria (19%) quer enviar soldados para missões de combate.
A parte mais surpreendente talvez seja a coesão da amostra. O apoio é consistente independentemente do partido que os inquiridos apoiam. A maior percentagem de pessoas que são a favor da ajuda à Ucrânia encontra-se entre os eleitores do partido actualmente no Governo, o Partido da Coligação Nacional, de centro-direita (79%), uma margem mínima face aos restantes partidos. Só os apoiantes do Partido dos Finlandeses, de direita populista, destoam, com 17% a opor-se ao apoio do país no que toca às garantias de segurança – entre os apoiantes dos restantes partidos, este número ronda os 7-8%.
Polónia diz “nie” ao envio de tropas
Da Polónia chega uma perspectiva completamente diferente. Um inquérito levado a cabo pela empresa de sondagens e pesquisa SW Research para o diário Rzeczpospolita mostra que apenas 17,3% dos polacos ouvidos se mostrou a favor da ideia de as forças de manutenção de paz enviadas para a Ucrânia incluírem soldados polacos. A larga maioria, 61,1%, respondeu que não e 21,6% disse não ter opinião sobre o assunto.
De acordo com a gestora de projecto da SW Research, Wiktoria Maruszczak, os mais jovens são os que mais se opõem à ideia: 69% mostrou-se contra, de acordo com os resultados publicados no sábado.
A opinião pública está alinhada com as decisões do Governo polaco, que mantém o argumento de que a Polónia — um dos países da Europa que mais aumentou os seus gastos com defesa nos últimos anos — tem outras prioridades, incluindo “defender o flanco Leste da NATO”, recordou o ministro da Defesa, na quarta-feira, numa conferência de imprensa. “Não vamos enviar tropas polacas para a Ucrânia. Esta tem sido a posição do Governo, não apenas esta semana, mas nos últimos meses.”
O primeiro-ministro, Donald Tusk, mostrou-se disponível para dar apoio logístico, mas não mais do que isso.
Por enquanto, ainda não é claro que forma é que as garantias de segurança, pedidas pela Ucrânia para assegurar que a Rússia não volta a atacar num cenário de pós-guerra, podem tomar. Donald Trump admitiu, na segunda-feira, poder dar garantias de segurança à Ucrânia, mas excluiu a hipótese de enviar soldados norte-americanos e colocou na Europa a responsabilidade de “pôr gente no terreno”.
A União Europeia mostrou-se disponível para, entre outras medidas, reforçar “as capacidades militares” ucranianas, que António Costa descreveu como “a base das garantias de segurança”. A possibilidade de uma força de paz constituída por tropas de vários países foi levantada no início do ano pela França e pelo Reino Unido, no âmbito de uma “coligação de vontades” – que, neste momento, reúne vários países –, mas ainda não se sabe se a ideia vai avançar. Neste momento, ainda estão a trabalhar no desenho das garantias de segurança.
Da Rússia, um alerta. O ministro dos Negócios Estrangeiros russos, Serguei Lavrov, diz que discutir garantias de segurança sem a Rússia “não leva a lado nenhum”.