Uma superbactéria perigosa que se alastra por rebanhos de gado e pode contaminar seres humanos tem ficado cada vez mais resistente a tratamentos, alertou uma equipe da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, que analisou material genético do patógeno.
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Os pesquisadores estudaram 2.150 cepas da Salmonella Dublin encontradas em vacas, seres humanos e no ambiente. Eles concluíram que as mutações são geneticamente semelhantes, o que facilita sua circulação entre espécies.
A bactéria é capaz de causar doença grave no gado e resultar em infecções severas no sangue de seres humanos, principalmente trabalhadores de fazendas em contato com animais. Em quadros mais avançados, pode inclusive matar humanos.
Segundo a equipe da Penn State, a Salmonella Dublin está se alastrando entre humanos por meio da contaminação de carne, leite e queijo, além do contato direto com animais. Por conta de sua resistência crescente a antibióticos, a infecção em breve pode se tornar intratável.
O novo estudo revelou que as cepas mais resistentes a antibióticos são aquelas encontradas no gado, inclusive a remédios como tetracicilna e cefalosporinas.
Caso os tratamentos realmente fiquem mais difíceis, as infecções em humanos podem se agravar, com perigo mais alto para populações vulneráveis como idosos, crianças e imunocomprometidos.
Os pesquisadores usaram dados de duas fontes públicas: o Centro Nacional de Informação em Biotecnologia e o Sistema Nacional de Monitoramento da Resistência a Antimicrobianos.
Eles compararam 581 amostras colhidas no gado, 664 de seres humanos e 905 de fontes ambientais (locais de produção de alimentos e fazendas) para identificar padrões genéticos que indicassem que cepas provocam quadros mais graves e mais resistência a antibióticos.
As cepas mais resistentes a medicamentos foram encontradas nos animais, porém naquelas presentes na comida ou em superfícies havia mais mutações de DNA relacionadas à resistência às quinolonas, uma classe de remédios mais usada para tratar humanos.
O estudo, publicado na revista Applied and Environmental Microbiology, apontou que todas as cepas — independentemente de onde foram encontradas — tinham genes que aumentavam seu perigo, como aqueles que favoreciam sua fixação nas células ou as tornava mais infecciosas.
A líder do estudo, Erika Granda, professora associada de Microbiomas em Alimentos de Origem Animal, ressaltou a importância de esforços para conter a disseminação da superbactéria. “Os resultados são importantes porque mostram como a Salmonella Dublin está altamente conectada a humanos, animais e o ambiente, portanto os esforços para controla-la precisam considerar essas três dimensões”, disse, em nota.
A Salmonella Dublin é considerada especialmente perigosa por sua tendência de causar infecções no sangue. Entre 2005 e 2013, 78% das infecções pela bactéria levaram a hospitalizações e 4,2% resultaram em morte.
Em 2019, 15.522 quilos de carne da empresa Central Valley Meat, sediada na Califórnia, foram recolhidas por causa da contaminação por Salmonella.