O panorama global das armas nucleares está a sofrer alterações significativas, com novos protagonistas a emergir num cenário historicamente dominado por duas superpotências. Um novo gráfico, baseado em dados recentes, revela não só quem lidera a corrida das ogivas nucleares, mas também as nações que aceleram o passo para afirmar o seu poder.
O domínio russo-americano nas ogivas nucleares está em declínio
O Relógio do Juízo Final, um indicador simbólico do risco de uma catástrofe global, está atualmente a meros 89 segundos da meia-noite, o ponto mais alarmante nos seus 78 anos de história. Este dado reflete uma tensão crescente, apesar de as duas maiores potências nucleares, os Estados Unidos e a Rússia, continuarem a desmantelar parte do seu arsenal.
Embora em conjunto ainda detenham a esmagadora maioria das ogivas mundiais, herdadas da Guerra Fria, os seus inventários têm vindo a diminuir. Estimativas recentes indicam que os EUA retiraram oito ogivas de serviço, enquanto a Rússia desativou 71.
Outras potências como França, Reino Unido, Paquistão e Israel mantêm os seus arsenais estáveis, enquanto a Coreia do Norte, cujo programa é secreto, deverá possuir cerca de 50 ogivas.
O gráfico, elaborado pela Visual Capitalist com base em dados do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), evidencia uma mudança de paradigma. A China está a aumentar o seu arsenal nuclear a um ritmo vertiginoso. Num período de poucos meses, o gigante asiático aumentou o seu stock de 500 para 600 ogivas, um crescimento de 20% que reflete um investimento sério na modernização das suas forças armadas.
Este reforço não se limita ao arsenal nuclear; inclui também avanços em armamento convencional de última geração, como catapultas eletromagnéticas para os seus navios de guerra, novos caças de combate e o desenvolvimento de um bombardeiro furtivo. Esta expansão tem sido usada pelo Pentágono como justificação para um “rearmamento” ocidental.
Índia não fica para trás
Embora a China possua 600 ogivas, estima-se que menos de 30 estejam estrategicamente mobilizadas, ou seja, prontas para lançamento imediato. Em comparação, os EUA e a Rússia têm perto de 2000 ogivas cada um neste estado de prontidão. No entanto, outro país asiático demonstra uma ambição crescente: a Índia.
Segundo o relatório do SIPRI, a Índia é a única nação, para além da enigmática Coreia do Norte, que aumentou o seu arsenal nos últimos meses, adicionando oito novas ogivas e atingindo um total de 180. Este crescimento, embora modesto, ocorre num momento de elevada tensão na região do Indo-Pacífico, marcada por contínuas demonstrações de força por parte das potências regionais.
O contexto geopolítico atual é particularmente complexo. A invasão da Ucrânia pela Rússia reacendeu os receios de uma guerra nuclear, e o conflito no Médio Oriente veio adensar essa preocupação.
Simultaneamente, os tratados de controlo de armas estão a perder eficácia. A Rússia suspendeu a sua participação no tratado START III, que limitava o número de armas estratégicas, e este aproxima-se da sua data de expiração sem perspetivas de renovação. Neste cenário, várias nações preparam-se para o futuro.
A França anunciou em 2024 um programa para produzir uma nova geração de bombas nucleares, consolidando o seu papel na dissuasão nuclear ocidental. Esta iniciativa alinha-se com os objetivos de rearme que ecoam por toda a Europa, sugerindo que os gráficos sobre arsenais nucleares poderão apresentar uma imagem ainda mais preocupante nos próximos anos.
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