Edu Gaspar está no epicentro da turbulência interna do Nottingham Forest e que coloca em planos opostos o português Nuno Espírito Santo, treinador que devolveu o clube às competições europeias três décadas depois, e o proprietário Evangelos Marinakis, que em julho nomeou o brasileiro Global Head of Football. O que deveria ter sido visto como um reforço estrutural transformou-se num problema que ameaça a estabilidade do projeto, explica o The Athletic.
A relação de Edu e Nuno Espírito Santo deteriorou-se rapidamente após a chegada do antigo diretor desportivo do Arsenal. Segundo fontes próximas do clube citadas pelo The Athletic, o primeiro encontro entre ambos foi marcado por hostilidade e o entendimento nunca chegou a existir. Edu trouxe consigo a influência de Kia Joorabchian, empresário com fortes ligações a Marinakis, fator que acentuou ainda mais as reservas de Nuno. O treinador, popular entre adeptos e jogadores, não escondeu publicamente o desagrado com a política de contratações. Em entrevista à Sky, descreveu a pré-época como «má» e assumiu estar «preocupado», afirmando que o Forest estava «muito, muito longe» do nível exigido. Sem citar Edu, todos no clube perceberam o alvo das críticas.
Pouco depois, os dirigentes aceleraram a chegada de reforços de peso, como Omari Hutchinson, Kalimuendo, McAtee e Douglas Luiz. Apesar desse esforço no mercado, o mal-estar manteve-se. Nuno assumiu, em conferência de imprensa, que a relação com Marinakis já «não é tão próxima» como na época anterior, quando os contactos eram diários. O dono do Forest, por sua vez, sente-se surpreendido com a dureza das críticas, depois de ter investido fortemente em contratações.
Os desentendimentos têm também pano de fundo político. Nuno é representado por Jorge Mendes, outrora parceiro preferencial de Marinakis, mas atualmente afastado das operações do Forest, onde Joorabchian ganhou influência decisiva. Essa mudança de rumo contribuiu para o isolamento do treinador português e para a escalada de tensões dentro do clube.
A vitória por 3-1 frente ao Brentford na estreia da Premier League aliviou a pressão desportiva, mas não apagou a crise institucional. Entretanto, o empate deste domingo no Selhurst Park diante do sempre perigoso Crystal Palace mantém Nuno na rota dos resultados positivos. Só que nos bastidores continuam as dúvidas sobre se Nuno e Edu poderão voltar a trabalhar lado a lado. A popularidade do técnico no balneário e nas bancadas contrasta com a perceção de que o seu futuro depende da vontade de Marinakis.
Com apenas duas jornada disputadas, Nuno surge entre os favoritos nas casas de apostas para ser o próximo treinador a perder o cargo na Premier League. O caso expõe como a política, o orgulho e os interesses podem mudar em poucos dias o ambiente em torno de um treinador que parecia ter conquistado um lugar seguro.