Nas redes sociais, nomeadamente no Facebook e Instagram, estão a circular vídeos que aparentemente mostram um tsunami de 10 metros a atingir a costa da Rússia depois de um sismo de 8.8 na escala de Richter registado ao largo daquele país na madrugada de 30 de julho. “Imagens impressionantes e inéditas mostram o exato momento em que um tsunami de até 10 METROS atinge com força devastadora a costa sudeste da península de Kamchatka, no extremo-leste da Rússia!”, pode ler-se numa das publicações.

Mas terá o vídeo em causa sido filmado na Rússia e terão as ondas o tamanho que é descrito nas publicações? Nas imagens podem ver-se ondas de tamanho considerável a embater contra alguns penhascos numa zona costeira. A certa altura, percebe-se que a pessoa que gravou a intensidade da ondulação é um homem que estava na zona a passear o cão, que também surge nos vídeos.

Na madrugada de 30 de julho, um forte sismo de 8.8 na escala de Richter foi registado ao largo da península russa de Kamchatka. Logo depois do sismo, foram lançados vários alertas de tsunamis para os estados norte-americanos do Havai, Alasca, Oregon, Washington e Califórnia (estados banhados pelo Oceano Pacífico) mas também para o Japão, Filipinas, Taiwan, China, Colômbia, Peru, Equador, Chile ou Polinésia Francesa, para além da zona leste da Rússia. Nalguns locais, eram esperadas ondas que poderiam atingir os 10 metros de altura.

O vídeo em causa foi de facto gravado na Rússia, mais precisamente nas ilhas Curilas, um arquipélago vulcânico localizado no Oceano Pacífico, muito próximo do Japão, e onde vivem aproximadamente 20 mil pessoas.

No entanto, as ondas não atingiram os dez metros, como se alega nas publicações. As ondas do tsunami atingiram partes de Kamchatka, província russa a norte das Curilas, inundando parcialmente o porto e uma fábrica de processamento de peixes na cidade de Severo-Kurilsk e derrubando embarcações que estavam atracadas, disseram autoridades regionais e o ministério de emergência da Rússia, que adiantaram ainda que Severo-Kurilsk foi atingida por ondas de pelo menos 3 metros de altura, sendo a onda mais alta registada de 5 metros, informou a agência de notícias russa Ria Novosti, citada pela Al Jazeera.

Não existe nenhuma referência oficial a ondas de 10 metros decorrentes do tsunami registado no final de julho.

As imagens partilhadas nas redes sociais mostram grandes ondas a atingir a costa russa depois de um sismo de 8.8 na escala de Richter registado na madrugada de 30 de julho. No entanto, as ondas não atingiram 10 metros de altura, como alegam as publicações. Segundo o ministério de emergência da Rússia, a onda mais alta registada na sequência do sismo de 8.8, foi de 5 metros, medida na zona de Severo-Kurilsk (na parte norte das ilhas Curilas) — ou seja, metade do tamanho que consta nas publicações.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook.


IFCN Badge